Duas editoras de quadrinhos tornaram-se referências mundiais: a DC
Comics e a Marvel. A DC criou personagens que fizeram muito sucesso nas
revistas em quadrinhos, tais como Super-Homem e Batman, e que posteriormente
foram transportados para a tela, levando legiões de fãs aos cinemas. A Marvel
entrou na disputa criando personagens como Homem-Aranha, X-Men, Capitão América
e Os Vingadores que, além de fazerem sucesso nas HQ’s, também foram
transportados para o cinema.
E, atualmente, a Marvel tem dominado as grandes produções levando vários
de seus heróis às telas, alguns com sequências: Homem de Ferro, Hulk,
Homem-Aranha, Justiceiro, Capitão América, X-Men, Wolverine, Thor, Quarteto
Fantástico.
Atualmente a Marvel tem alguns lançamentos previstos que têm tudo para
se tornarem sucessos de bilheteria: Guardiões da Galáxia; Capitão América 2:
Soldado Invernal; Os vingadores 2; além da série para TV Agents of Shield.
A pergunta é: por que estes heróis fazem tanto sucesso, mesmo entre
aqueles que não cresceram lendo HQ’s?
Algumas respostas são de ordem prática: uma grande campanha de marketing
envolvendo estas produções; o fato de os heróis estarem “na moda”, e a
tendência que as pessoas têm de seguirem cegamente as modas; a fascinação que
as pessoas têm por tudo que fuja do “normal”.
Porém, a Marvel também mudou o seu estilo e, com essa mudança, conseguiu
atrair o interesse das pessoas. Uma dessas mudanças, que começou a ser feita
ainda nas HQ’s, foi a humanização dos heróis. Peter Parker, o Homem-Aranha, por
exemplo, é um adolescente que se vê às voltas com problemas comuns que atingem
várias pessoas: a perda de um ente querido para o violência urbana, como foi o
caso da morte de seu tio Ben; sua necessidade de arranjar um emprego para poder
pagar suas contas; a dificuldade de continuar seus estudos em uma universidade
enquanto tem de trabalhar e combater o crime como Homem-Aranha; sua timidez e
dificuldade em arranjar namoradas, como mostra seu amor à distância por Mary Jane.
Além disso, Stan Lee e sua equipe de roteiristas e desenhistas
mantiveram-se atentos às situações que ocorriam ao seu redor e levaram algumas
discussões para as HQ’s, o que gera interesse nas pessoas, como é o caso do
preconceito abordado em X-Men; a dificuldade em se adaptar às rápidas mudanças
em uma era tecnológica, como acontece com o Capitão América, ícone de uma época
que não mais existe e tendo que enfrentar as mudanças de uma nova sociedade; a
falta de confiança nas Leis e na Justiça, como acontece com o Justiceiro, que
busca justiça para a morte de sua família.
Apesar de serem seres que estão distantes do que seria um ser humano
“normal”, os heróis aproximam-se de nós e nos fazem refletir sobre o nosso
próprio tempo e nos levam a questionar valores que, mesmo de forma indireta,
são abordados nas HQ’s e filmes.