sábado, 15 de setembro de 2012

A literatura e a escola



A literatura sempre exerceu uma grande influência no pensamento e comportamento humanos ao longo do tempo. Várias obras retratam com fidelidade os usos e costumes de uma época. Ler alguns romances equivale a ler um livro de História. Por esse fato, a literatura passou a ser uma disciplina do Ensino Médio, sendo também utilizada, em menor grau, no Ensino Fundamental. Além disso, é matéria obrigatória no curso de Letras. Porém, devemos analisar como essa disciplina vem sendo praticada nas nossas escolas.
Atualmente, o ensino de literatura se restringe a um “decoreba” de nomes de autores, obras e escolas literárias. O aluno tem de decorar qual obra iniciou determinado período e qual obra finalizou-o; quais as características desse período; os principais autores e as datas de lançamento de suas respectivas obras. O professor faz um resumo das principais obras, citando os personagens principais e alguns secundários que possuem relevância na história. De posse destas informações, o aluno é considerado apto para fazer uma prova.
Mas, e a obra em si? Basicamente, os alunos aprendem os nomes de vários autores e de suas respectivas obras, porém, geralmente não lê nenhuma delas. Conhece “por alto” a história de um determinado romance, mas nunca o lê por inteiro. O aluno acaba não desfrutando do prazer de ler um livro. Consequentemente, esse aluno acabará por não se tornar um leitor.
A maioria dos leitores, quando lê um livro, não o faz com o objetivo de analisá-lo em suas estruturas mais intricadas e profundas, mas sim pelo exclusivo prazer de desfrutar de uma boa história, assim como ele faz quando assiste a um DVD. O leitor comum não precisará, em sua vida futura, de conhecer movimentos literários e suas respectivas características. É claro que, em alguns casos, esse conhecimento auxiliará o leitor a compreender melhor a obra em questão, mas isso não é uma condição ‘sine qua non’. O leitor não precisa ser um profundo conhecedor de História do Brasil para compreender, por exemplo, “O guarani” ou “O cortiço”.
Ao invés de se preocupar em ensinar questões externas à obra, o professor de literatura deveria, primeiramente, ensinar o aluno a gostar de ler e, para isso, deveria incentivá-lo (eu disse incentivá-lo, não obrigá-lo) a ler algumas obras e, posteriormente, discuti-las em sala de aula. Contudo, a discussão deveria ficar restrita à história narrada na obra. Questões ligadas à sua estrutura devem ficar a cargo dos estudiosos de literatura (professores, críticos etc.), e não do leitor comum.
É importante revermos nossos conceitos e objetivos. Ouvimos muitas pessoas ligadas à educação dizerem que os alunos de hoje não leem mais. Porém, muitos não leem por não receberem o incentivo adequado. As aulas de literatura, com sua enxurrada de nomes de autores, nomes de obras, escolas literárias e datas, acabam por afastar o aluno dos livros, ao invés de aproximá-los.      
    

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