sexta-feira, 20 de junho de 2014

Grupo da “morte” ou grupo da “vergonha”?



O grupo “D”, antes de a Copa começar, foi qualificado como sendo o “grupo da morte”. Nele estavam 3 seleções campeãs mundiais: Inglaterra (1 título, em 1966), Itália (4 títulos, em 1934, 1938, 1982 e 2006) e Uruguai (2 títulos, em 1930 e 1950). Ao todo, 7 títulos mundiais. Completando o grupo, a Costa Rica, que está disputando apenas a sua 4ª Copa do Mundo e que não possui tradição no futebol, era o candidato lógico a “saco de pancadas” do grupo. No entanto, o “saco de pancadas” acabou batendo, ao invés de apanhar.
Na estreia, a Costa Rica derrotou a seleção uruguaia por 2X1; no segundo jogo, venceu a poderosa seleção italiana por 1X0. o “saco de pancadas” acabou sendo a Inglaterra, que perdeu para Itália e Uruguai, foi eliminada na 2ª rodada e se notabilizou apenas pelas reclamações por ter de jogar no calor de Manaus, no que parecia ser uma desculpa antecipada para um possível fracasso – o que, de fato, aconteceu.
A Costa Rica garantiu uma das vagas do grupo, para a próxima fase, antecipadamente, deixando a briga pela outra vaga para ser decidida no confronto entre Itália e Uruguai. A Costa Rica ainda pode ser a primeira colocada do grupo, bastando empatar com a fraca e já eliminada Inglaterra, no seu último jogo.
Em um grupo com 3 campeãs mundiais, a melhor seleção acabou sendo a que, teoricamente, era a mais fraca. A Inglaterra foi simplesmente ridícula; Itália e Uruguai foram mais garra do que técnica; a Costa Rica, com um futebol envolvente e sólido, jogou como se ela fosse a campeã mundial e as outras três, as “zebras”.      

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A violência objetiva e subjetiva em Dois Irmãos, de Milton Hatoum



Dois Irmãos, de Milton Hatoum (São Paulo: Companhia das Letras, 2006), é um romance que trata da relação tumultuada entre os irmãos gêmeos Yaqub e Omar, os quais protagonizam atos de discórdia e vingança que os persegue durante toda a vida, desde a infância até a maturidade. O autor remete-nos ao mito bíblico da inimizade entre os irmãos, Caim e Abel, gerada pela inveja e que culmina em violência, com a morte de Abel perpetrada por Caim. A obra de Hatoum “conversa” com a de Machado de Assis, Esaú e Jacó, que também narra uma história de discórdia e violência entre dois irmãos.
Entretanto, a violência entre os irmãos de Hatoum leva-nos a pensar em situações que vão além da simples discórdia que separa os gêmeos. Como imagens em um espelho, os irmãos geram imagens distorcidas, mas que, ao final, mesclam-se no fim dado aos dois personagens: a solidão e o afastamento dos que lhes eram mais próximos. Assim, Hatoum nos leva a refletir sobre os opostos que, no final, acabam por equiparar-se. Além disso, mais do que retratar uma simples questão familiar, o escritor amazonense nos remete, por meio de alegorias, ao ambiente social reinante em um país que ainda procurava sua identidade, assim como ao clima que se instaurou no Brasil com a implantação da ditadura militar e toda a violência, física e ideológica, que a seguiu, explicitado pelo exemplo abaixo:

“Laval foi arrastado para um veículo do Exército, e logo depois as portas do Café Mocambo foram fechadas. Muitas portas foram fechadas quando dois dias depois soubemos que Antenor Laval estava morto. Tudo isso em abril, nos primeiros dias de abril”. (HATOUM, 2006, p.142)

Temos, por exemplo, o episódio em que Yaqub foi mandado para o Líbano, em uma espécie de exílio forçado, o que os remete aos exílios – infligidos ou autoimpostos – impetrados pelo regime militar, o que obrigou muitos políticos e artistas a se refugiarem em outros países, até que lhes fosse concedida anistia. Essa foi uma violência cometida contra Yaqub, que não queria ir para o país de seus ancestrais e que acabou sendo enviado como uma espécie de punição pelas brigas que tinha com o irmão, como se observa no trecho

“Tinha sido horrível. Fui obrigado a me separar de todos, de tudo... não queria” (HATOUM, 2006, p. 86).

Preterido pela mãe, Yaqub sentiu-se injustiçado, uma vez que a seu irmão, com quem ele brigara, não foi imposto tal castigo, como se vê na passagem abaixo:

“Zana culpava Halim pela falta de mão firme na educação dos gêmeos. Ele discordava: “Nada disso, tu tratas o Omar como se ele fosse nosso único filho”.” (HATOUM, 2006, p.22).

A questão do preconceito social, que não deixa de ser uma forma de violência, também nos aparece em algumas passagens da obra, como é o caso do próprio narrador da história, Nael, que é filho de uma índia que supostamente foi estuprada por Omar. Além da violência física e psicológica causada por um estupro, temos aí um episódio com implicações mais profundas: a violência causada pelo colonizador branco sobre o índio colonizado. Assim como os portugueses, que se tornaram colonizadores de uma terra que não lhes pertencia, Omar é filho de imigrantes libaneses, estrangeiros que para cá vieram e por aqui ficaram, e que se sobressaíram economicamente sobre a população nativa, tornando-se grandes proprietários de terras e comércios, acumulando e concentrando riquezas, principalmente com a exploração da borracha. O caboclo nativo, tratado como indolente e inferior culturalmente, acabava sendo vítima da exploração dos donos de seringais, uma vez que seu trabalho chegava a ser, praticamente, um trabalho escravo.
Outra alegoria que ocorre entre os dois irmãos é o embate entre razão e emoção, racionalidade e sentimento. Yaqub é o irmão frio e calculista que, durante anos, acumula e alimenta o seu ódio contra Omar até conseguir sua vingança contra o irmão. Já Omar representa o lado emocional, aquele que se deixa levar pelos sentimentos, sem disfarçá-los e sem se preocupar com os sentimentos das outras pessoas, principalmente com os do irmão e das pessoas que a ele lhe pareciam inferiores, baseado na educação patriarcal que recebera da mãe.
Esta situação retrata a própria situação pela qual o Brasil estava passando – e, de certa forma, ainda está. Ao lado de promessas de progresso e modernização do país, caracterizadas pelo primogênito Yaqub, temos o comportamento “antiquado” e provinciano caracterizado por Omar. Enquanto Yaqub obtém diploma superior e deixa a província em direção a São Paulo, centro muito mais desenvolvido e considerado o “motor” do Brasil, Omar não chega a cursar uma faculdade e se deixa ficar na rede, dormindo após as noites de farra. Temos, aí, uma crítica a própria situação do país, com suas imensas desigualdades, tanto nos campos social e econômico quanto no da educação. O irmão no Sul representa o progresso e a modernidade prometidas ao país, enquanto o irmão que ficou no Norte representa o atraso e o provincianismo que ainda imperava em grande parte do Brasil: o Sul, mais adiantado culturalmente e tido como trabalhador, contra o Norte, atrasado e “preguiçoso”.
Apesar de possuir algumas cenas de violência direta, como as brigas entre Yaqub e Omar, como a citada na passagem

“Depois, o barulho de cadeiras atiradas no chão e o estouro de uma garrafa estilhaçada, e a estocada certeira, rápida e furiosa do Caçula” (HATOUM, 2006, p. 22),

além do suposto estupro da índia, mãe de Nael, Dois Irmãos relata cenas de violência bem mais sutis. Mais do que apenas um confronto entre dois irmãos, o embate entre Yaqub e Omar retrata vários aspectos que, ainda hoje, estão presentes no Brasil: a enorme desigualdade econômica entre ricos e pobres; as diferenças educacionais entre as classes; a modernização de algumas regiões em contraste com o atraso de outras.           



Referência

HATOUM, Milton. Dois Irmãos. Companhia das Letras, 2006.     

sábado, 31 de maio de 2014

Paio Soares de Taveiróz e as cantigas de amor e de amigo do período Trovadoresco



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O período Trovadoresco marcou o início da Literatura Portuguesa. Neste período, muitos autores/cantores escreveram diversas canções que chegaram até nós, compiladas em diversos cancioneiros, tais como o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana. Muitas obras, com o tempo, acabaram se perdendo, mas um rico material conseguiu chegar até nós, dando-nos uma ideia do que ocorreu naquele período em termos de uma literatura ainda incipiente. .
Mesmo tendo, na prática, começado antes disso, oficialmente o período trovadoresco tem seu início estipulado em 1198 (ou 1189), quando o trovador Paio Soares de Taveiróz escreveu uma cantiga intitulada “Cantiga de Garvaia”, a qual ele ofereceu a Maria Pais Ribeiro.
Em tese, as cantigas dividiam-se em quatro categorias: cantigas de amigo, cantigas de amor, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. As duas primeiras eram cantigas consideradas “cultas” e eram feitas por pessoas ligadas à nobreza (mesmo que não fossem nobres) e cantadas na corte, enquanto as duas últimas eram cantigas consideradas “vulgares”, isto é, eram feitas pelo vulgo (povo), e, portanto, não gozavam de grande prestígio, sendo mais apropriadas ao ambiente de uma taverna.
Além disso, classificar uma cantiga dentro de uma destas categorias nem sempre é tarefa fácil. Não raro vemos elementos de uma categoria misturados aos de outra, bem como alguns autores compunham cantigas em mais de uma categoria.
Em relação a Paio Soares de Taveiróz, suas cantigas refletem bem isso. Nos versos abaixo, vemos o que poderia ser qualificado como uma cantiga de amor: um homem cantando o seu amor para uma “senhor”, ou seja, para uma dama (à época, não existia o feminino ‘senhora’.

“No mundo non me sey parelha
Mentre me for como me vay,
Ca já moyro por vós e, ay,
Mya senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya?
Mao dia me lavantey
Que vos enton non vi fea.  

As cantigas de amor se caracterizavam pelo fato de sempre serem cantadas por um homem, enquanto as de amigo refletiam a voz feminina (embora fossem homens quem as escrevessem). Porém, as cantigas de amor se caracterizavam pelo fato de o cavalheiro cantar/poetar para uma dama inacessível, seja pela posição social mais elevada que ela ocupava, seja pelo fato de o cavalheiro referir-se a ela de uma maneira quase de adoração, como se a “senhor” fosse uma santa a ser adorada em seu altar. Neste trecho de Taveiróz, percebemos que o eu-lírico é um homem dirigindo-se a uma “senhor”, o que caracterizaria esta cantiga como sendo de amor. Porém, encontramos, neste trecho, elementos que não pertencem a uma cantiga de amor. Vemos elementos que denotam sensualidade e cobiça sexual, bem longe da pureza e da castidade das cantigas de amor, como no trecho:

“quando vos eu vi em saya?”

No caso, o poeta/cantor refere-se à nudez da amada, denotando uma sexualidade que não era comum nas cantigas de amor, sendo mais comuns nas cantigas de amigo. As cantigas de amor podem ser classificadas como idealistas: o cantor falava de um amor impossível, acessível somente para uma adoração, muitas vezes ignorando que era objeto dessa adoração. Não havia o desejo, por parte do cantor, de consumar fisicamente este amor. O ideal do cantor era a ‘coita’ de amor, ou seja, o sofrimento que o cantor sentia por este amor impossível. Sofrer por este amor era o mais alto sentimento a que o cantor aspirava.
Já as cantigas de amigo são de cunho mais realista: o eu-lírico feminino canta um amor que foi realizado, mas que logo depois foi perdido. Sendo o eu-lírico constituído por mulheres do povo, o cantor não tinha pudores em cantar uma relação mais carnal, com aspirações sexuais. Ou seja, o eu-lírico cantava a perda de um amor já consumado.
Neste outro trecho, abaixo, temos o que pode-se classificar como sendo uma cantiga de amigo. O eu-lírico é feminino, como pode-se observar pelo trecho “do meu amigo que me fez pesar”.

Par Deus, donas, bem podedes jurar
Do meu amigo que me fez pesar,
Mays Deus é que cuyda me a gãar
De lhe saberen Ca me quer gran ben.

A referência ao “amigo” demonstra que quem fala é uma mulher que foi abandonada, como fica claro pela palavra “pesar”. Enquanto nas cantigas de amor o homem cantava um amor impossível de ser realizado, nas cantigas de amigo a mulher chorava por um amor realizado e perdido. Além disso, no primeiro verso temos “Par Deus, donas, bem podedes jurar”, o que mostra que o eu-lírico, no caso, uma mulher, está lamentando para suas amigas a perda do seu amor, o que é outra característica das cantigas de amigo. Nas cantigas de amor, o eu-lírico masculino não canta seu amor para ninguém em especial; nas cantigas de amigo, o eu-lírico feminino canta sua dor para sua mãe, irmãs ou amigas.
Paio Soares de Taveiróz misturava elementos das cantigas de amor e das cantigas de amigo, talvez pelo fato de que, a esse tempo, as cantigas ainda não tivessem recebido uma maior atenção e estudo, e as classificações e limites ainda não estivessem bem definidos; talvez o fizesse de propósito. O fato é que o cantor mistura elementos das duas cantigas, mesmo que de forma sutil.

Nesta outra cantiga,

- Dês que essas donas vistes,
Falaron-vos ren d’amor?
Dizede, se as conhocistes,
Qual delas é a melhor?
Non fostes conhocedor,
Quando as non departistes

o eu-lírico é masculino, o que caracterizaria uma cantiga de amor. Contudo, duas características fazem com que esta canção se afaste das cantigas de amor e aproxime-se das de amigo. Em primeiro lugar, o eu-lírico parece estar inquirindo uma outra pessoa, provavelmente um amigo, sobre duas mulheres das quais esse amigo se teria enamorado, situação que era comum nas cantigas de amigo, quando o eu-lírico feminino compartilhava suas desventuras com outras mulheres. Em segundo lugar, nas cantigas de amor o eu-lírico masculino enamorava-se de uma “senhor” apenas, e por ela nutria um amor platônico. Nesta cantiga, vemos claramente que o amigo do eu-lírico está dividido entre o amor de duas mulheres, e que este amor não seria platônico, mas sim consumado fisicamente, como fica claro no trecho “Dizede, se as conhocistes”, uma vez que o termo “conhecer” era utilizado no sentido de se ter tido uma relação sexual. 

Por estes trechos analisados fica claro que Paio Soares de Taveiróz não se deteve em trabalhar apenas um tipo de cantiga e nem se preocupou em trabalhá-las de forma isolada. Nas suas cantigas, é muito comum encontrarmos elementos das cantigas de amor em cantigas de amigo, e vice-versa. Além disso, também encontramos certa dose de ironia tanto em cantigas de amor quanto nas de amigo, ironia esta mais apropriada a uma cantiga de escárnio. A própria Cantiga da Garvaia seria uma cantiga de amor, porém, por conter ironias, há quem conteste esta classificação, considerando-a como uma cantiga de escárnio.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os “heróis” da Marvel povoam os cinemas

Duas editoras de quadrinhos tornaram-se referências mundiais: a DC Comics e a Marvel. A DC criou personagens que fizeram muito sucesso nas revistas em quadrinhos, tais como Super-Homem e Batman, e que posteriormente foram transportados para a tela, levando legiões de fãs aos cinemas. A Marvel entrou na disputa criando personagens como Homem-Aranha, X-Men, Capitão América e Os Vingadores que, além de fazerem sucesso nas HQ’s, também foram transportados para o cinema.
E, atualmente, a Marvel tem dominado as grandes produções levando vários de seus heróis às telas, alguns com sequências: Homem de Ferro, Hulk, Homem-Aranha, Justiceiro, Capitão América, X-Men, Wolverine, Thor, Quarteto Fantástico.
Atualmente a Marvel tem alguns lançamentos previstos que têm tudo para se tornarem sucessos de bilheteria: Guardiões da Galáxia; Capitão América 2: Soldado Invernal; Os vingadores 2; além da série para TV Agents of Shield.
A pergunta é: por que estes heróis fazem tanto sucesso, mesmo entre aqueles que não cresceram lendo HQ’s?
Algumas respostas são de ordem prática: uma grande campanha de marketing envolvendo estas produções; o fato de os heróis estarem “na moda”, e a tendência que as pessoas têm de seguirem cegamente as modas; a fascinação que as pessoas têm por tudo que fuja do “normal”.
Porém, a Marvel também mudou o seu estilo e, com essa mudança, conseguiu atrair o interesse das pessoas. Uma dessas mudanças, que começou a ser feita ainda nas HQ’s, foi a humanização dos heróis. Peter Parker, o Homem-Aranha, por exemplo, é um adolescente que se vê às voltas com problemas comuns que atingem várias pessoas: a perda de um ente querido para o violência urbana, como foi o caso da morte de seu tio Ben; sua necessidade de arranjar um emprego para poder pagar suas contas; a dificuldade de continuar seus estudos em uma universidade enquanto tem de trabalhar e combater o crime como Homem-Aranha; sua timidez e dificuldade em arranjar namoradas, como mostra seu amor à distância por Mary Jane.
Além disso, Stan Lee e sua equipe de roteiristas e desenhistas mantiveram-se atentos às situações que ocorriam ao seu redor e levaram algumas discussões para as HQ’s, o que gera interesse nas pessoas, como é o caso do preconceito abordado em X-Men; a dificuldade em se adaptar às rápidas mudanças em uma era tecnológica, como acontece com o Capitão América, ícone de uma época que não mais existe e tendo que enfrentar as mudanças de uma nova sociedade; a falta de confiança nas Leis e na Justiça, como acontece com o Justiceiro, que busca justiça para a morte de sua família.
Apesar de serem seres que estão distantes do que seria um ser humano “normal”, os heróis aproximam-se de nós e nos fazem refletir sobre o nosso próprio tempo e nos levam a questionar valores que, mesmo de forma indireta, são abordados nas HQ’s e filmes.     
 

domingo, 27 de abril de 2014

Arte sob censura ou a volta da Marcha da Família com Deus pela “Liberdade”



Um professor de uma escola particular da cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, foi o pivô de um episódio que daria inveja a qualquer participante da ditadura militar: ele foi demitido após postar um conto erótico em um blog pessoal.
A decisão de demitir o professor surgiu após a reclamação de vários pais sobre as postagens do professor no referido blog. O pai de uma aluna de 10 anos disse que se preocupava quanto ao acesso do conteúdo do blog pelos alunos (como se os alunos só pudessem acessar conteúdos eróticos ou pornográficos no blog do professor), pois o professor divulga seu blog nas redes sociais. A filha afirmou que o professor nunca divulgou seu blog em sala de aula, mas este fato parece não ter sido levado em consideração. O professor afirmou que foi demitido sem ter chance de defesa.
Para justificar a demissão do professor, o colégio informou que o mesmo estava em período de experiência e que foi demitido por não se adequar à proposta de trabalho da escola. A escola considerou, ainda, que as publicações que o docente realizava em suas redes sociais não eram adequadas para o público do colégio e que as postagens estavam em desacordo com a proposta de valores humanos da instituição.
Vemos que esta afirmação desmente a “desculpa” de que o professor foi demitido por não se adequar à proposta de trabalho da escola. Isso nos leva a refletir sobre algumas questões.    
Primeiramente, temos aí uma espécie de volta da Marcha da Família com Deus pela “Liberdade” que apoiou o golpe militar, de consequências tão nefastas para o país. E uma das características do golpe militar foi a imposição da Censura, que é o que temos no caso do professor.
Se os pais dos alunos deste colégio estão tão preocupados com o que os filhos podem acessar na Internet, deveriam, então, monitorá-los e só deixarem que os filhos acessem a Internet na sua presença, caso contrário eles estarão sujeitos a todos os tipos de conteúdos eróticos e pornográficos, na maioria dos casos, piores do que as postagens do professor.   
Outro fator importante é sobre o conceito de arte e quem tem direito de realizá-la. O professor em questão é professor de língua portuguesa e literatura e, nas horas vagas, é aspirante a escritor, ou seja, trabalha com arte – a literatura –, tendo que passar o conceito de arte e de literatura para seus alunos. E se um aluno lhe perguntasse sobre um poema ou um quadro erótico? O que o professor deveria fazer? Ignorar a pergunta? Ou deveria desfazer a dúvida do seu aluno?
O erotismo faz parte da vida. Vemos o erotismo em propagandas, em novelas, em revistas, em conversas entre amigos. Por que na arte o erotismo deveria ficar confinado a um livro ou a um museu?
Concordo que deve haver limites. O erotismo não pode ser exposto indiscriminadamente a qualquer aluno. Crianças devem ler textos adequados a sua idade. Adolescentes já têm condições de ler determinados poemas, desde que essa leitura venha acompanhada de um esclarecimento por parte do professor. E, em defesa do professor, temos o depoimento de uma de suas alunas de que ele jamais divulgou o seu blog em sala de aula.  
Na internet, encontramos todo tipo de textos e vídeos onde o erotismo – e, até mesmo, a pornografia – estão à disposição das pessoas para que baixem para computadores, tablets e celulares. Em escolas, é comum alunos compartilharem vídeos pornográficos. Cabe aos pais fiscalizarem seus filhos para evitar que eles tenham acesso a conteúdos inadequados.
O professor postou seu conto erótico – uma forma de arte, utilizada por vários escritores de sucesso – em um blog pessoal. Várias pessoas utilizam blogs pessoais para postarem conteúdos eróticos e pornográficos. Só acessa esse tipo de mídia quem quer. Desde que o professor não tenha feito algo que seja considerado como antiético, dentro da sala de aula ou da escola, como ler um de seus contos para seus alunos, sua demissão beira o absurdo.
Será que a escola demitiria o professor se ele fosse um escritor famoso, que trouxesse uma certa “fama” para a escola? Ou só o demitiu por ele ser desconhecido? E quanto às aulas de biologia, que falam sobre reprodução, e as aulas de orientação sexual? Deveriam ser proibidas também por serem consideradas eróticas ou pornográficas?
A demissão do professor atende mais a interesses demagógicos do que a preocupações pedagógicas. Ou será que um professor, principalmente um que trabalha com arte, não tem o direito de fazer arte?
Por que aceitamos expor nossos filhos a cenas de erotismo, como as cenas de quase sexo explícito que vemos em novelas e o erotismo e a quase nudez de alguns comerciais para televisão, mas ficamos chocados quando nossos filhos leem algo “erótico’ em um livro ou blog? As pessoas tentam fazer com que isso pareça pudor, mas é pura hipocrisia.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem que a arte retrata a vida. E o erotismo faz parte da vida. Se não é assim, qual o sentido de uma garota usar minissaia, blusas decotadas e colocar silicone para aumentar os seios? Por que os homens querem ter bíceps maiores e uma barriga de tanquinho? As pessoas tentam parecer sensuais para atrair parceiros. Os pais destes alunos, com certeza, utilizaram o mesmo expediente para atraírem seus atuais cônjuges.           
Sabemos que um professor tem responsabilidades perante seus alunos, mas, fora do ambiente escolar, o professor é um ser humano como outro qualquer, com sonhos e aspirações. Ninguém questiona um artista que realiza um trabalhe erótico. Por que alguém, pelo simples fato de ser um professor, tem de ser limitado na sua arte?



sexta-feira, 18 de abril de 2014

Pra frente, Brasil!

O Brasil vive um momento em que teremos eleições para presidente e uma Copa do Mundo que será realizada em nosso país após 64 anos. O Brasil preparou-se para realizar a “melhor Copa de todos os tempos”, conforme temos presenciado em comerciais dos patrocinadores e nos discursos de nossas autoridades.
Toda a infraestrutura necessária para um evento deste porte está pronta. Os estádios que foram construídos para a Copa foram terminados e entregues dentro do prazo estipulado pela FIFA. E o que é melhor: todos eles custaram uma bagatela! Além disso, fiéis à promessa feita pelo nosso ex-presidente Lula, por ocasião do anúncio do Brasil como país-sede, todos os estádios particulares tiveram investimento exclusivamente privado. Nenhum dinheiro público foi investido em tais obras. Apenas os estádios públicos, como o Maracanã, por exemplo, foram construídos com dinheiro público. E, depois da construção, estes estádios continuaram sendo geridos pelo poder público, e não dados de presente a amigos de governadores, como alguns “Velhos do Restelo” chegaram a profetizar que aconteceria.
Nenhum clube foi beneficiado com a construção de um estádio próprio utilizando dinheiro público, como outros maledicentes chegaram a dizer. O fato de um ex-presidente de clube estar entranhado no alto comando da CBF não teve nenhuma influência na decisão de qual seria o estádio de abertura da Copa.
Na parte de infraestrutura, que seria responsabilidade dos governos – Federal, Estaduais e Municipais –, tudo também está às mil maravilhas. As obras de mobilidade urbana estão a todo vapor. Assim como aconteceu na Copa das Confederações, não será necessário ser decretado feriado nas cidades-sedes nos dias em que ocorrerem jogos. Mesmo com tal evento, o trânsito fluirá livremente , graças às obras que foram realizadas pelos governos.
A segurança foi outro fator que recebeu total atenção das nossas autoridades. Nossas capitais estão mais seguras. Quase não vemos mais assaltos, roubos ou assassinatos. Brigas em estádios? Nem pensar! Com as medidas de segurança que foram tomadas, tais como a prisão das pessoas envolvidas nestes episódios, esta situação nunca mais ocorreu. Os turistas que nos visitarem poderão transitar livremente pelas nossas cidades, a qualquer hora do dia ou da noite, sem se preocupar em sofrer qualquer tipo de violência. Até mesmo turistas dinamarqueses.
Para aqueles que, pela emoção de uma vitória ou derrota de sua seleção, precisarem de atendimento médico, podem ficar tranquilos. Nossos hospitais, com as reformas que receberam, poderão atender a todos os casos que por lá aparecerem. Médicos especializados e atenciosos, que não faltam aos seus plantões, estarão a postos para atender, sempre com um sorriso no rosto, as pessoas que os procurarem.
A educação também está ótima. A meta dos brasileiros, agora, é a de aprenderem inglês para poderem se comunicar com os turistas que nos pararem pedindo informações. Como nenhum aluno da rede pública tem a menor dificuldade com a língua portuguesa, pode se dedicar a aprender um outro idioma sem nenhum prejuízo para seu conhecimento da língua materna. A torcida de todos é para que a nossa seleção alcance o mesmo rendimento elevado que os nossos alunos alcançam nas avaliações internacionais.
O Brasil está pronto para a Copa. E, depois que ela acabar, poderemos usufruir o legado que ela nos deixará, assim como aconteceu com o Pan-americano que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2007, deixando um belíssimo legado para a cidade após o seu término.
Agora é só vestir a camisa amarela e torcer pela nossa seleção. Esqueçamos os pessimistas que vivem fazendo protestos pelas ruas contra “supostos” gastos excessivos. Devemos ouvir os conselhos de Felipão, Parreira, Pelé e Ronaldo Fenômeno e torcermos sem restrições pela seleção canarinho. Afinal, como Parreira disse, futebol não tem nada a ver com política; ou, conforme Ronaldo, não se faz uma Copa do Mundo construindo hospitais.
Pra frente, Brasil! Salve a Seleção!    

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Crianças desenvolvem o gosto pela leitura lendo para gatos em abrigo dos EUA

Um método inédito está sendo utilizado, nos Estados Unidos, para desenvolver o gosto pela leitura em crianças: a leitura para gatos de um abrigo em Berks County, no estado da Pensilvania.
A autora da ideia é Kristi Rodriguez, diretora da ONG Animal Rescue League. Ela passou a utilizar este método ao perceber que seu filho, ao ler para os gatos do abrigo, passou a gostar de livros.
O programa, que se chama “The Book Buddies” (amigos do livro), começou em agosto de 2013 e atende a crianças entre 6 e 13 anos. No abrigo foi criado um “cantinho da leitura”, no qual as crianças convivem com os gatos que estão à espera de adoção e leem para eles.
Segundo especialistas, ler para os gatos ajuda a criança a ter mais confiança, além de auxiliá-las a ter mais fluência oral. Isso ocorre porque os gatos não ficam corrigindo possíveis erros e nem fazem uma avaliação do seu desempenho, ao contrário do que acontece na leitura em sala de aula ou em casa.
O programa também tem ajudado os gatos. Após o início deste programa, várias pessoas passaram a procurar o abrigo, interessadas em adotar os gatos.      
 

sábado, 22 de março de 2014

Reality shows em xeque na Coreia



Após o suicídio de uma jovem de 29 anos, identificada como Jeon, que participava de um reality show na Coreia do Sul, este tipo de “atração”  começou a ser questionado.
Segundo o jornal “The Korea Times”, a jovem deixou uma mensagem em seu computador, que justificaria o motivo do suicídio. Ela teria escrito que “Quero acabar com minha vida aqui. Perdão. A equipe de filmagem tem cuidado muito de mim, mas está muito difícil agora. Independente de encontrar um parceiro aqui ou não, não tenho mais vontade de viver”. 
O reality show era realizado em um resort em uma ilha, e tinha o objetivo de formar casais entre os participantes, sete homens e cinco mulheres. Jeon teria deixado o encontro mais cedo, sob o pretexto de que queria ficar sozinha. 
A garota, que havia iniciado o programa bastante empolgada, passou por momentos de grande estresse, entrando em um estado depressivo, segundo familiares. O programa fazia com que os participantes passassem por grande pressão e humilhação, com o intuito de aumentar a audiência. Esses “reality” têm questionada a sua autenticidade. Muitos programas prescrevem um “roteiro” aos seus participantes, fazendo com que estes criem situações que aumentem a audiência perante o público, fugindo da situação de “realidade” e tornando-se mais uma novela com um roteiro pré-definido, enquanto para o público passam a ideia de que tudo o que acontece é espontâneo.
A provável causa do suicídio da jovem parece ter sido o fato de que ela teria sentido receio de ter exposta ao público coreano sua atual situação no programa: alguns candidatos que, inicialmente, a estariam cortejando, haviam desistido dela e tentado conquistar uma outra garota. O fato de ter sido desprezada pelos rapazes teria sido humilhante demais para ela.   

segunda-feira, 3 de março de 2014

Livros de Agatha Christie virarão seriados



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A rede BBC, de Londres, encomendou a adaptação de 3 histórias de Agatha Christie para a televisão: “O caso dos dez negrinhos”, “O inimigo secreto” e “M ou N?”, segundo informou o site da revista Variety. As 3 histórias serão transformadas em seriados que serão exibidos em 2015, ano em que a escritora, nascida em 15 de setembro de 1890, comemoraria o 125º aniversário. A escritora inglesa é uma das autoras mais lidas em todo o mundo, tendo seus livros traduzidos para mais de 50 idiomas.
Sarah Phelps, conhecida por escrever e produzir mini-séries para TV, tais como “The Crimson Field” e “Oliver Twist”, será a responsável pela adaptação de “O caso dos dez negrinhos”, livro que já vendeu mais de 100 milhões de cópias e já foi adaptada para o teatro. A série tem previsão de estreia para dezembro de 2015.
A segunda série, que deverá se chamar “Partners in Crime”, se baseará em duas obras da autora: “O inimigo secreto” e “M ou N?”. A adaptação ficará a cargo de Zinnie Harris e Claire Wilson e tem sua estreia prevista para o segundo semestre de 2015.
Além disso, um livro com o personagem Hercule Poirot, que será escrito por Sophie Hannah, está previsto para ser lançado em setembro de 2014, na Grã-Bretanha.   

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Trilhas sonoras com cantores pop são apostas de filmes para atrair público adolescente



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A trilha sonora sempre desempenhou um papel importante em um filme. Ela auxilia em demonstrar a calma, a tensão, a velocidade de uma cena. Quem não se lembra da trilha do filme “Psicose”, de Alfred Hitchcock, do tema do sombrio Darth Vader, de “Star Wars” e da música que tocava em “Tubarão”, antes do ataque? Pensando nisso, os filmes atuais têm tido todo um cuidado na escolha de sua trilha sonora, seja relembrando clássicos – seja na forma original ou em um novo arranjo –, seja na escolha da voz que irá interpretá-los.
Alguns filmes antigos apostavam no impacto que a trilha sonora teria na plateia e em como auxiliaria no desenvolvimento da trama, independentemente de quem a cantaria – às vezes, quem a cantava era um ilustre desconhecido ou então a trilha era composta apenas com o som dos instrumentos. Atualmente, entretanto, a tendência tem sido outra.
Muitos filmes que aspiram ao posto de “o filme das férias” ou o “filme do verão”, têm apostado em vozes conhecidas do público, principalmente do público adolescente. Cantores e cantoras “pop”, cujas músicas fazem sucesso nas rádios e nas vendas de cd’s, têm sido escolhidos para emprestar sua voz à trilha sonora do filme e auxiliar a produção a arrecadar alguns milhões a mais. É o caso de filmes como “Malévola”. Estrelado por Angelina Jolie, que por si só já é capaz de levar muita gente aos cinemas, o filme tem como tema uma regravação da clássica “Once Upon a Drem”, de “A Bela Adormecida”. Para cantá-la, o diretor Robert Stromberg escolheu Lana Del Rey.
Para o filme “Jogos Vorazes: Em Chamas”, segundo filme da trilogia, a cantora Christina Aguilera foi convocada para interpretar uma das músicas. A estratégia utilizada para que a música “emplacasse” foi a de lançá-la em outubro de 2013, um mês antes de o filme ser lançado.           
O filme “Skyfall”, o 23° do espião britânico James Bond, criado por Ian Fleming, tem sua música composta e interpretada pela cantora Adele. A música ganhou vários prêmios, entre eles o Oscar de Melhor Canção Original. A música alcançou o 8° lugar na “Billboard Hot 100”. Ao escolher Adele, o estúdio Metro-Goldwyn-Mayer seguiu uma aposta que deu certo anteriormente. Antes de Adele, cantoras como Alicia Keys e Madonna gravaram a música-tema de filmes da série.
A Disney, que queria fazer de “Frozen: Uma Aventura Congelante”, o filme das férias, trouxe, para sua canção principal, “Let It Go”, ninguém menos que Demi Lovato. A música chegou a alcançar o 38° lugar na “Billboard Hot 100”. A música também foi indicada ao Oscar de Melhor Canção Original.
Os estúdios começaram a perceber que um filme é composto por várias partes importantes que formam um todo de sucesso. E uma dessas partes, indubitavelmente, é a trilha sonora. Um cantor pop, mesmo que de gosto duvidoso, cantando uma música-tema, é capaz de levar muitos adolescentes ao cinema.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ONG já formou várias bibliotecas na Amazônia Legal



Notícias no twitter: @Sebo_Cultural64


No Brasil, como os governos federal, estadual e municipais, geralmente, são omissos principalmente em questões ligadas à educação, cabe à iniciativa privada a criação de projetos que supram certas deficiências encontradas em todas as cidades do nosso país – até mesmo nas capitais mais importantes.
Um destes projetos está sendo realizado pela ONG Vaga Lume, criada em São Paulo, que tem por objetivo criar bibliotecas em localidades que não disponham deste recurso. O trabalho realizado pela ONG atinge 160 comunidades em nove estados que compreendem a chamada Amazônia Legal: Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Tocantins, Amapá, Mato Grosso, Maranhão e Pará.
Muitas dessas comunidades situam-se em locais isolados e em muitas delas não há Internet, telefone e, em algumas, nem mesmo luz elétrica. As escolas sofrem com problemas de infraestrutura, com salas mal iluminadas, cadeiras quebradas e falta de material didático. A maioria não possui biblioteca.
Este projeto, iniciado há 12 anos, procura minorar esta deficiência. Segundo seus próprios dados, a ONG já distribuiu cerca de 83 mil livros em diversas comunidades rurais. Os livros são enviados, geralmente, de barco, o transporte comum em uma região onde o tráfego fluvial é intenso e, em muitos locais, não existem estradas que liguem as comunidades.
Apesar da intensa propaganda dos governos – em todos os níveis – enaltecendo a “melhora” da educação brasileira, o que vemos, na prática, são escolas sem estrutura, professores despreparados e desinteressados (o baixo salário, geralmente, é utilizado como desculpa, mas será que eles melhorariam o nível de suas aulas se ganhassem mais?), alunos que passam sem aprenderem os assuntos mais básicos etc. Programas como este da Ong Vaga Lume, realizado sem a intervenção e apoio dos governos, são, muitas vezes, mais eficientes do que as propostas oficiais, que muitas vezes são criadas apenas para o benefício de alguns, uma vez que as verbas nem sempre chegam ao seu destino.
Talvez seja hora de o governo aprender com as iniciativas particulares. Para aqueles que defendem que o ensino deveria ser totalmente público, sem a intervenção particular, iniciativas como esta deveriam fazê-los pensar mais um pouco e, quem sabe, rever os seus conceitos.    
 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Os bolivianos é que estavam certos



Um novo velho fato ocorreu esta semana, mais uma vez envolvendo torcedores (?) do Corinthians. Cerca de 100 torcedores (?) invadiram o CT de treinamento do time para, supostamente, reclamar contra a derrota para o Santos por goleada. Entretanto, os supostos torcedores, segundo informações, portavam armas, agrediram funcionários e roubaram 3 celulares, além de causarem danos ao CT. Os jogadores ficaram trancados para escapar da ira dos torcedores, e o técnico Mao Menezes teve que atender, a pedido da diretoria do clube, a cinco torcedores.
Fatos como este são comuns ao futebol brasileiro e, principalmente, ao Corinthians. E isto só acontece devido à conivência das diretorias dos clubes em relação às torcidas organizadas, que mais se assemelham ao crime organizado do que a torcedores.
O que é de espantar é que, mesmo cometendo vandalismo, agressões e roubos, além de porte de arma, nenhum dos cerca dos 100 torcedores foi preso, mesmo com a chegada da polícia – que, diga-se de passagem, quando não prende é criticada; quando prende, é acusada de violência. E, fato curioso, pelo menos um dos envolvidos na confusão em Oruro, quando o garoto Kevin foi morto, estava presente ao protesto no CT corintiano. Vale lembrar que a diretoria do Corinthians se envolveu diretamente para tentar libertar os torcedores presos na Bolívia. E, agora, mesmo com estes elementos cometendo crimes – invasão de propriedade privada, porte de arma, agressão e roubo –, ninguém foi preso, provavelmente a pedido da diretoria que defende marginais que se passam por torcedores, inclusive fornecendo ingressos e bancando viagens para membros das organizadas.
É de louvar a atitude dos presidentes de Palmeiras e Cruzeiro, os quais retiraram privilégios das chamadas “organizadas”, tais como ingressos e viagens. O Cruzeiro, inclusive, foi mais além e proibiu que essas torcidas utilizem o emblema do clube.
Essas organizadas são, na verdade, verdadeiras “máfias”, compostas, em boa parte, por desocupados e marginais. Porém, o curioso é que, mesmo realizando atos criminosos, ninguém é preso e, quando é, acaba sendo solto logo.
O governo do Brasil, a pedido da diretoria do Corinthians, interveio e libertou os torcedores que estavam presos na Bolívia, cujo governo relutava em soltá-los. Ao serem soltos, estes torcedores voltaram para o Brasil posando de vítimas e, logo depois, estavam envolvidos em brigas e agressões pelos estádios e CT’s da vida.
Vantagens de se viver no Brasil. Os bolivianos, afinal, é que estavam certos.       

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cão é homenageado em formatura nos Estados Unidos




A formatura do curso de Ciências, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, teve um convidado inesperado: o cão Hero, que foi levado pela sua dona, uma das formandas, usando beca e capelo azuis, a mesma roupa utilizada pelos formandos.
A dona de Hero justificou o ato dizendo que, por ser deficiente, foi auxiliada por Hero durante todo o período em que frequentou a faculdade. O cão a ajudava abrindo e fechando portas e apanhando objetos que ela deixava cair. E completou: “Sem a ajuda dele, eu não chegaria aqui”.
A iniciativa da dona de Hero sensibilizou formandos, professores, familiares e amigos que participaram da formatura. Muitos dos presentes postaram fotos do cão na rede social. A própria dona de Hero postou fotos suas e do cão no site Imgur.
O cão Hero, neste caso, fez jus a seu nome.       

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Os X-Men e a luta contra o preconceito



Em uma época em que a palavra ‘preconceito’ está em voga – preconceito racial, contra os homossexuais, religiosos etc. –, os quatro filmes dos X-Men, que tem sido exibido regularmente na TV aberta e na por assinatura, traz à tona essa questão, embora muitas pessoas que assistem ao filme o vejam apenas como uma interessante história sobre pessoas com superpoderes.
Os X-Men foram criados por Stan Lee e Jack Kirby e estrearam na revista “The X-Men #1”, em setembro de 1963. A princípio, os X-Men eram formados apenas por mutantes americanos, mas depois tornou-se um grupo com membros de várias etnias e nacionalidades: alemães, irlandeses, canadenses, russos, quenianos e japoneses; brancos, pretos, índios e amarelos.    
As histórias, além de servirem como pura diversão, também retratavam temas polêmicos, discutindo questões que envolviam as “minorias, tais como questões sobre tolerância, diferenças, assimilação de outras culturas e tocava em um ponto utilizado pelo nazismo: a crença na existência de uma "raça superior". Os próprios mutantes, tais como Magneto, referem-se a eles mesmos como sendo o “homo superior”, o próximo passo da evolução do “homo sapiens”.
Por serem diferentes das pessoas consideradas “normais”, os mutantes são vistos com desconfiança, precisando esconder-se para serem aceitos pela sociedade. Personagens como Mística, que pode assumir a aparência de quem ela quiser, é um exemplo. Sua aparência original é de pele escamosa e azul, com cabelos vermelhos. Pela sua aparência tão diferente, ela esconde-se assumindo a forma de uma mulher considerada “normal”, escondendo sua forma real. Desta forma, não causa estranheza entre as pessoas, sendo aceita pela sociedade.
A luta dos mutantes, nas revistas em quadrinhos e nos filmes, é vista por muitos como uma luta apenas física, com seres poderosos que utilizam raios, garras, telepatia etc. contra seus inimigos. Porém, os mutantes têm uma luta muito maior: a de serem aceitos pela sociedade, podendo levar uma vida normal ao lado de pessoas não-mutantes. Lutam contra a discriminação e o preconceito que sofrem simplesmente por serem “diferentes”.
Os X-Men revolucionaram os quadrinhos ao tratar de temas delicados, ainda mais em uma sociedade conservadora como é a americana. E, mesmo hoje, os heróis permanecem atuais ao tocar em uma ferida que ainda permeia nossa sociedade. Talvez seja por isso que os X-Men atraiam tantas pessoas aos cinemas, conquistando tantos fãs.
Nas histórias, as pessoas temem os mutantes por eles serem diferentes. Em um dos episódios, foi criada uma “cura”, que transformaria os mutantes em pessoas normais. Se compararmos o mundo dos mutantes com o nosso, veremos que eles não são muito diferentes.
E, para aqueles que afirmam não ter preconceitos, fica uma pergunta: como você reagiria se encontrasse, na sua frente, um mutante como Wolverine ou Magneto? O convidaria para tomar um café ou sairia correndo com medo dele?   

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Novos leitores surgem entre jovens cujas famílias não têm o hábito de leitura


Os últimos anos têm apresentado, no Brasil, um crescimento do mercado editorial motivado pelo aumento de leitores. Pessoas que passam a ler por obrigação – como é o caso dos estudantes do Ensino Médio e Universitários – ou pelo simples prazer de ler. Nunca, no Brasil, o mercado editorial publicou tantos livros. E, dentre esses novos leitores, vemos o surgimento de um tipo específico: aquele cuja família não tem o hábito de ler.
Muitas famílias não dão o exemplo da leitura a seus filhos, por várias razões: falta de dinheiro para comprar livros, pouco estudo por parte dos pais ou a simples falta de hábito, por não perceberem a importância da leitura. Entretanto, muitos jovens começaram a perceber que, caso pretendam ter uma vida diferente da de seus pais, obtendo um emprego melhor e, consequentemente, um salário melhor, precisarão cursar uma universidade e, além de simplesmente obter um diploma, precisarão adquirir mais conhecimento, o que poderá ser atingido por intermédio da leitura. Desta forma, alguns alunos começam a procurar bibliotecas – geralmente, a de suas escolas – e passam a adquirir o hábito de ler livros, mesmo que estes não tenham sido recomendados pelos professores. Percebem que, fazendo isto, irão adquirir mais conhecimentos. Com o passar do tempo, a busca pelo conhecimento por meio da leitura se transforma em prazer em ler.
A leitura, mesmo a que é feita por simples prazer, cria uma consciência de mundo que, sem a leitura, a pessoa normalmente não adquire. O livro nos leva a ter diferentes maneiras de perceber a realidade.
A Internet também tem contribuído para o aumento do número de leitores. As pessoas podem, por exemplo, baixar obras gratuitamente em sites de domínio público. Além disto, em redes sociais, blogs e sites as pessoas escrevem e leem bastante, mesmo aquelas que dizem “não gostar de ler”. Diversos tipos de textos circulam pela rede, o que faz com que as pessoas acabem percebendo que, ao contrário do que dizem, gostam, sim, de ler, uma vez que passam o dia inteiro fazendo exatamente isto.
O exemplo da leitura em casa também auxilia a formação de novos leitores, pois, ao ver os pais lendo, a criança terá a tendência a imitá-los. Pais que leem e levam os seus filhos a livrarias e bibliotecas estão ajudando na formação de um novo leitor. E, neste caso, os novos leitores que estão surgindo passarão o hábito de ler a seus filhos, contribuindo para a disseminação da leitura, não apenas como uma obrigação devido aos estudos, mas como uma forma prazerosa de lazer.
O professor também tem um papel crucial na formação de novos leitores. Quando os pais não têm o hábito da leitura, caberá ao professor formar os novos leitores entre os seus alunos. Porém, o que observamos é que muitos professores não possuem o hábito de ler. Sem ler, como o professor poderá incentivar e auxiliar os seus alunos a se tornarem leitores?
O surgimento de autores e livros que seguem a linha infanto-juvenil, como a série Harry Potter e “As crônicas de Nárnia”, por exemplo, também tem atraído a atenção de jovens, que passam a experimentar a leitura e acabam percebendo que ela também pode ser prazerosa.
O papel da escola moderna será o de aliar as novas tecnologias que têm surgido com o suporte em livro, mostrando aos alunos que a leitura deve ser praticada não apenas como uma obrigação escolar, mas como uma atividade intelectual que auxiliará o jovem na sua vida futura, bem como uma forma de lazer que pode conviver com o videogame, o DVD e as redes sociais.