Em uma época em que a palavra ‘preconceito’ está em
voga – preconceito racial, contra os homossexuais, religiosos etc. –, os quatro
filmes dos X-Men, que tem sido exibido regularmente na TV aberta e na por
assinatura, traz à tona essa questão, embora muitas pessoas que assistem ao
filme o vejam apenas como uma interessante história sobre pessoas com
superpoderes.
Os X-Men foram criados por Stan Lee e Jack Kirby e
estrearam na revista “The X-Men #1”, em setembro de 1963. A princípio, os X-Men
eram formados apenas por mutantes americanos, mas depois tornou-se um grupo com
membros de várias etnias e nacionalidades: alemães, irlandeses, canadenses,
russos, quenianos e japoneses; brancos, pretos, índios e amarelos.
As histórias, além de servirem como pura diversão,
também retratavam temas polêmicos, discutindo questões que envolviam as “minorias,
tais como questões sobre tolerância, diferenças, assimilação de outras culturas
e tocava em um ponto utilizado pelo nazismo: a crença na existência de uma
"raça superior". Os próprios mutantes, tais como Magneto, referem-se
a eles mesmos como sendo o “homo superior”, o próximo passo da evolução do
“homo sapiens”.
Por serem diferentes das pessoas consideradas
“normais”, os mutantes são vistos com desconfiança, precisando esconder-se para
serem aceitos pela sociedade. Personagens como Mística, que pode assumir a
aparência de quem ela quiser, é um exemplo. Sua aparência original é de pele
escamosa e azul, com cabelos vermelhos. Pela sua aparência tão diferente, ela
esconde-se assumindo a forma de uma mulher considerada “normal”, escondendo sua
forma real. Desta forma, não causa estranheza entre as pessoas, sendo aceita
pela sociedade.
A luta dos mutantes, nas revistas em quadrinhos e
nos filmes, é vista por muitos como uma luta apenas física, com seres poderosos
que utilizam raios, garras, telepatia etc. contra seus inimigos. Porém, os
mutantes têm uma luta muito maior: a de serem aceitos pela sociedade, podendo
levar uma vida normal ao lado de pessoas não-mutantes. Lutam contra a
discriminação e o preconceito que sofrem simplesmente por serem “diferentes”.
Os X-Men revolucionaram os quadrinhos ao tratar de
temas delicados, ainda mais em uma sociedade conservadora como é a americana.
E, mesmo hoje, os heróis permanecem atuais ao tocar em uma ferida que ainda
permeia nossa sociedade. Talvez seja por isso que os X-Men atraiam tantas
pessoas aos cinemas, conquistando tantos fãs.
Nas histórias, as pessoas temem os mutantes por
eles serem diferentes. Em um dos episódios, foi criada uma “cura”, que
transformaria os mutantes em pessoas normais. Se compararmos o mundo dos
mutantes com o nosso, veremos que eles não são muito diferentes.
E, para aqueles que afirmam não ter preconceitos,
fica uma pergunta: como você reagiria se encontrasse, na sua frente, um mutante
como Wolverine ou Magneto? O convidaria para tomar um café ou sairia correndo
com medo dele?