Pensar, nem pensar!
Nos dias atuais, esse passou a ser o pensamento (ou
o não-pensamento) dominante. Afinal, pensar pra quê? Temos a televisão e a
Internet para nos dizerem tudo o que devemos saber; a moda que nos diz o que
devemos vestir; as rádios que nos dizem que música devemos ouvir.
Portanto, pra quê pensar?
Pra quê vou analisar se a música que estão me
mandando ouvir é boa ou não? Se estão dizendo que é boa, é porque deve ser
mesmo! Se me mandam vestir uma determinada roupa, por quê vou me preocupar se
ela fica bem ou não em mim? Visto logo de uma vez e estou na moda! Por quê me
preocupar com a qualidade dos programas que passam na televisão? Se a tv os
exibe, eu os assisto!
Quando perguntamos para algumas pessoas por que
elas vestem determinada roupa, ouvem uma determinada música ou assistem a um
determinado programa, geralmente ouvimos a mesma resposta: “Todo mundo faz
isso!”.
E esse é o problema! Fazemos coisas porque “todo
mundo faz”. Se todos os meus amigos usam piercing, por quê só eu não uso? Vou
lá e coloco um também (às vezes, até mais de um). Não paro para pensar se eu
gosto ou não de piercing, se eu realmente quero usar um piercing ou não. Uso
porque “todo mundo” está usando.
A necessidade de fazer parte, de ser aceito em um
grupo, nos tira a capacidade de pensar. Faço porque todos fazem. Agimos como os
animais que andam em grupo e que se comportam do mesmo jeito,
sincronizadamente. Todos andam ao mesmo tempo, comem ao mesmo tempo, bebem água
ao mesmo tempo, dormem ao mesmo tempo. Observando alguns grupos humanos (e não
apenas de adolescentes, grupos de adultos também), nos perguntamos em que eles
são diferentes de um grupo de zebras, leões, gnus ou búfalos. As manadas (sejam
de que espécie for, inclusive humana), no geral apresentam os mesmos
comportamentos, que só diferem em algumas particularidades (todos os leões
caçam zebras do mesmo jeito; todas as zebras fogem dos leões do mesmo jeito).
As manadas humanas, quer estejam caçando, quer
estejam sendo caçadas, quer estejam apenas passeando pelas nossas savanas de
concreto, agem do mesmo jeito. E assim como uma zebra não pensa por quê come,
apenas o faz quando todas as demais zebras do grupo o fazem, nós também nos
deixamos levar pelo comportamento da manada à qual pertencemos.
Faço porque todos fazem! – esse é o lema. Não
questiono, não analiso, não perquiro, não pergunto. Não penso se aquilo,
realmente, é o que quero fazer, se é o melhor a fazer. Faço porque todos fazem
e pronto!
Pensar dá muito trabalho. Exige conhecimento,
discernimento e nos torna responsáveis pelo caminho escolhido. Ao nos
entregarmos à cadência da manada, transferimos aos outros a responsabilidade
sobre nossos atos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário