sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A cultura do capitalismo - desejo induzido



Nunca se produziu tanta “arte” e nunca surgiram tantos “artistas” quanto atualmente. Escritores, pintores e músicos proliferam em todos os cantos do globo. Entretanto, a qualidade do que nos é apresentado vem caindo vertiginosamente, nos fazendo repensar o conceito de arte. Afinal, o que nos tem sido atirado ao rosto todos os dias realmente é arte?
No mundo capitalista, a arte passou a ser apenas mais um item de consumo e, como tal, deve ser consumida rapidamente para rapidamente ser descartada, cedendo seu lugar para uma “nova” arte. Desta forma, temos “o sucesso do momento”, “a música do verão”, “o hit da estação”, apregoados por apresentadores de rádio e televisão, garotos-propaganda que são pagos para venderem um “produto”. E as pessoas, sem pensar no que estão lhes dizendo, “compram” o produto que lhes é oferecido. Assim, por intermédio de uma propaganda massiva veiculada em várias mídias, as empresas nos dizem o que devemos desejar.
Antigamente, a demanda por produtos era o que guiava a oferta. Os desejos dos consumidores geravam produtos que atendessem a esses desejos. Atualmente, as pessoas aprendem na tela da TV ou do computador o que devem desejar. Desta forma, quem antes era sujeito torna-se agora objeto.
Nem mesmo a cultura escapou a este processo. Passando a ser apenas mais uma mercadoria, assim como eletrônicos e roupas, os “produtos” culturais têm de ser consumidos de forma rápida. Livros e filmes, tão logo sejam assistidos, devem ser esquecidos para serem substituídos por outros livros e filmes que são diferentes apenas na aparência.
A cultura passou a ser usada como produto e agente do capitalismo. Os sujeitos, agora transformados em objetos, são alienados para que, por meio do “consumo” da “cultura”, possam livrar-se das tensões, frustrações e do esgotamento do dia-a-dia para que, revigorados, possam, no dia seguinte, trabalhar de forma mais produtiva para dar mais lucro ao seu patrão. Não é à toa que as empresas, cada vez mais, patrocinam “atividades culturais”. E, nesse caso, passa a ser considerado “arte” qualquer coisa que caia no gosto do público. Os “espetáculos” passam a ser uma catarse coletiva onde todos liberam suas frustrações, receios e raivas.
Assim, esgotado e refeito, o trabalhador não questiona a maneira pela qual está sendo usado. Apenas aguarda, ansioso, pelo próximo fim de semana, o qual trará um novo “show” onde ele poderá exorcizar suas novas frustrações e angústias.     

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