terça-feira, 30 de outubro de 2012

A difícil questão entre o moral e o legal



Neste fim de semana, aconteceu uma situação no jogo Internacional x Palmeiras que faz com que pensemos a situação brasileira, não só no futebol, em época de Copa do Mundo, mas também no cenário político, já que presenciamos muitas situações ilegais ocorrendo a cada momento. Voltando ao lance em questão, vale lembrar, inicialmente, que a FIFA, a manda-chuva do futebol mundial, proíbe terminantemente o uso de quaisquer recursos eletrônicos que possam influenciar no andamento do jogo, exceção feita ao aparelho de comunicação utilizado pelo árbitro e pelos seus auxiliares.
No jogo entre Internacional x Palmeiras, o atacante Barcos, do Palmeiras, fez um gol com a mão. O árbitro, entretanto, não viu a irregularidade e validou o gol. O mesmo fizeram o bandeira e o auxiliar na linha de fundo. Os jogadores do Internacional reclamaram e, na confusão, o árbitro foi avisado, pelo delegado da partida (o qual, diga-se de passagem, não faz parte da equipe de arbitragem e, portanto, não pode interferir no jogo), de que o gol realmente havia sido feito com a mão. Entretanto, aparentemente, o delegado recebeu a informação por intermédio de uma repórter da tv Bandeirantes que se encontrava à beira do gramado e foi informada pelo comentarista do jogo. Diante disso, o árbitro voltou atrás na decisão e anulou o gol, sem, contudo, dar cartão amarelo para o atacante palmeirense, o que seria o mais acertado.
Resumindo: apesar da proibição da FIFA de se utilizar qualquer recurso eletrônico, o árbitro do jogo se valeu de uma informação recebida de alguém que não faz parte da equipe de arbitragem para anular o gol do Palmeiras.
O Palmeiras, agora, pede a anulação do jogo baseado no fato de que o meio utilizado para invalidar o seu gol foi ilegal. Isso me faz lembrar de um caso, ocorrido nos Estados Unidos, em que um traficante de drogas teve sua casa invadida pela polícia. Na casa, foi encontrada uma grande quantidade de drogas e o traficante foi preso. No julgamento, seu advogado alegou que a invasão fora ilegal, pois os policiais não estavam munidos de um mandato de busca e apreensão. Assim, o traficante, mesmo sendo culpado, foi solto pelo fato de que as provas recolhidas contra ele foram obtidas de modo ilegal.
O mesmo se aplica ao gol de mão do Palmeiras. Moralmente, a anulação do gol foi correta, já que o gol foi feito de forma irregular. Porém, a maneira como o gol foi anulado também foi feita de modo ilegal, já que ninguém da equipe de arbitragem havia percebido a irregularidade e havia validado o gol, a princípio. A “prova” da irregularidade foi obtida por meio de uma repórter, utilizando o recurso da televisão, recurso este proibido pela FIFA.
Entretanto, em um país onde presenciamos, todos os dias, várias irregularidades, praticadas por políticos, na sua maioria, mas também pelo cidadão comum – que reclama da roubalheira dos políticos, mas que sempre tenta “levar vantagem” em tudo –, esse caso deve ser mais um para entrar no rol dos casos em que, apesar de uma irregularidade comprovada, a coisa toda vai acabar em pizza – e, no caso do Palmeiras, time fundado por italianos, nada mais apropriado.
Na época em que Lula era presidente, presenciamos vários casos comprovados de ROUBOS praticados por pessoas próximas a ele. Porém, Lula alegava que não sabia de nada e a coisa ficava por isso mesmo. Vimos, recentemente, várias pessoas sendo julgadas no caso do Mensalão. Se o julgamento fosse, realmente, sério, e não apenas uma tentativa de se mostrar que está sendo feita alguma coisa para moralizar o país, Lula deveria estar entre os acusados e deveria ser condenado por omissão, no mínimo.
Entretanto, em um país onde praticar atos ilegais já virou rotina, o uso ilegal da tv para anular o gol do atacante Barcos acabará sendo logo esquecido. E vamos em frente que a Copa está chegando.           
Contrariando o comercial da Brahma, vou deixar o otimismo imbecil de lado e vou dizer, a plenos pulmões: IMAGINA NA COPA!!!

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