quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Inferno, de Dan Brown, é um livro para reflexão



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O estilo de Dan Brown é conhecido em todo o mundo. Suas histórias são um thriller que envolvem muita ação, movimentação, mistérios e simbolismos ligados, geralmente, ao mundo da arte. Com “Inferno”, seu último livro, publicado pela Editora Arqueiro, o autor manteve estes elementos, além de acrescentar um outro não muito comum às suas histórias: a reflexão.
“Inferno” tirou seu título do primeiro “livro”, “capítulo” ou “canto” da obra-prima do italiano Dante Alighieri, “A Divina Comédia”, um poema de viés épico, no qual o próprio autor, guiado por Virgílio e, depois, pela sua amada, Beatriz, faz uma viagem pelo Inferno, Purgatório e Paraíso.
No livro de Dan Brown, um misterioso personagem utiliza a “Divina Comédia” como inspiração para, aparentemente, disseminar uma “peste” que, a exemplo da Peste Negra, que dizimou um terço da população mundial, iria matar milhares de pessoas. As ‘pistas’ que o professor Robert Langdon têm de decifrar estão associadas à arte. A história se passa em Florença, na Itália, uma cidade que é praticamente um museu a céu aberto.
Porém, mais do que a história, sua ação e seus símbolos, o que nos chama a atenção é que o autor coloca em discussão algo que está ocorrendo atualmente, mas que ainda não recebeu a devida atenção por parte de governos e organizações mundiais: o excesso de pessoas no planeta, levando a uma superpopulação.
Se observarmos a nossa História, veremos que, de tempos em tempos, alguma calamidade ocorreu, dizimando grande parte da população e mantendo o número de pessoas em um nível suportado pelo planeta. Porém, do início do século XX para cá, a população mundial tem aumentado em uma progressão geométrica, superando as possibilidades do planeta de suportar um número tão grande de pessoas. Em alguns lugares, a comida e, até mesmo, a água começam a escassear.
Os avanços na medicina, principalmente, conseguiram diminuir a incidência de doenças letais, as grandes pandemias, evitando a morte de centenas ou milhares de pessoas. Além disso, a mortalidade infantil vem diminuindo em vários países, além de haver um aumento na expectativa de vida. Em vários países, a expectativa de vida supera a faixa dos oitenta anos.
Isso tudo vem sendo ‘festejado’ pelas pessoas como símbolo de progresso. Porém, o que não se percebe – ou não se quer perceber, o que, no livro, é chamado de ‘negação’ – é que essa diminuição na mortalidade infantil, acompanhada de uma maior expectativa de vida, leva a um excessivo aumento populacional que já vem gerando diversos problemas, e que se tornará insustentável daqui a alguns anos.
As organizações que tratam da saúde orgulham-se desses feitos e procuram aumentar ainda mais a expectativa de vida das pessoas, mas não parecem fazer nada para conter o aumento descontrolado da população. No livro, um cientista toma uma atitude drástica para tentar conter esse aumento desenfreado.
Apesar de muita gente ver esse livro apenas como uma ‘história’ interessante, ela nos leva a refletir sobre o nosso futuro e como o planeta irá suportar esse excesso populacional, que vem destruindo a natureza, esgotando os recursos naturais e levando espécies animais e vegetais à extinção. Seria importante começarmos a pensar em algum tipo de controle de natalidade para que, no futuro, não tenhamos milhares de pessoas passando fome e sede, o que levará muitos países à guerra em busca de recursos naturais.
“Inferno” nos alerta para os problemas que o mundo poderá vir a enfrentar. Se nada for feito nos próximos anos, poderemos ter um cenário muito parecido com o que Dante vislumbrou no seu primeiro ‘canto’.
Se isso ocorrer, a passagem da humanidade pelo “Inferno” poderá não ser tão tranquila quanto a de Dante, guiado por Virgílio. Poderemos ficar muito tempo no Inferno, antes que consigamos alcançar o Purgatório.   

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