quarta-feira, 6 de junho de 2012

A ditadura da Liberdade


Nos últimos anos tem-se ouvido muito falar em liberdade, democracia, pensamento crítico e outras palavras do gênero. Tem-se exaltado a democracia e a liberdade, enquanto criticam-se as ditaduras e as religiões acusando-as de cercearem a liberdade de pessoas e de determinados grupos sociais. Liberdade e democracia são as palavras da moda, ditas e defendidas até mesmo por quem não sabe exatamente o que elas significam. Porém, o que a maioria das pessoas não consegue perceber é que, na verdade, estamos vivendo uma ditadura do pensamento e do comportamento, bem ao estilo do que foi descrito em livros como “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “1984”, de George Orwell – quem não conhece as histórias, procure os livros e leia-os. Não vou contá-las aqui.
No passado, pensadores como Voltaire defendiam a liberdade de expressão, a ponto de este filósofo ter dito que “não concordo com uma palavra que você diz, mas defenderei até o fim o seu direito de dizê-las”. Todos poderiam e deveriam ter sua própria opinião sobre qualquer assunto, desde que possuíssem argumentos para defendê-la.
Atualmente, o que temos presenciado é uma ‘ditadura do oprimido’ ou uma ‘ditadura das minorias’ – algumas, já nem tão minorias assim. Em casos polêmicos, como o aborto e o casamento entre homossexuais, por exemplo, as opiniões nos são apresentadas já prontas e nós apenas temos que aceitá-las, sem o direito de ter uma posição divergente. Aqueles que as têm são tachados de retrógrados, reacionários e conservadores – palavras que, presentemente, assumiram uma conotação pejorativa e, de certa forma, discriminatória. Ou seja, como todo bom carneirinho, devemos seguir o restante da manada sem questionar sobre a direção tomada.
Essa aparente ‘democracia’ é mais perigosa do que uma ditadura escancarada já que, neste caso, temos consciência da falta de liberdade de ação e de pensamento, conhecendo a prisão na qual estamos encarcerados. Na atual ‘democracia’, nos julgamos livres, com o direito de fazer o que quisermos e de pensar o que quisermos quando, na verdade, este direito nos é subtraído e somos obrigados a pensar de acordo com a massa inerme formada pela maioria das pessoas que se julgam “livres”.
O mais interessante nas pessoas é justamente sua diversidade. Seria imensamente monótono viver em uma sociedade formada por pessoas que pensassem da mesma maneira e que agissem da mesma maneira. Essa é uma forma de agir das ditaduras, que tentam fazer com que todas as pessoas aceitem a sua ideologia e o seu pensamento, formando robôs obedientes que fazem tudo o que lhes é ordenado. E é isso o que estão fazendo com as pessoas atualmente, mesmo nas sociedades que se dizem ‘livres’ e ‘democráticas’.
Não defendo o direito de alguém usar de violência contra outra pessoa apenas pelo fato desta pessoa ser homossexual ou possuir uma ideologia ou uma crença diferente. Mas todos têm o direito de discordar de uma ideologia, de uma crença ou do homossexualismo. Querer impor um pensamento único é cercear o direito da liberdade de pensamento e da liberdade de expressão, direitos pelos quais tantas pessoas lutaram e morreram ao longo do tempo.
As minorias têm os seus direitos. Não considero errado, por exemplo, o casamento entre homossexuais – na verdade, algumas relações homossexuais são mais duradouras e estáveis do que muitas uniões heterossexuais – e aceito a opinião de pessoas de várias ideologias e religiões, mesmo que eu possua um pensamento diferente. O que não posso aceitar é o cerceamento de minha liberdade de pensar livremente e de ter minhas próprias opiniões. Não sou um carneiro seguindo o rebanho; não sou um gnu seguindo a manada. Prefiro ser um tigre, tendo o direito de defender meu território.
As próprias ‘minorias’, que sempre se disseram oprimidas e que lutaram contra essa opressão, hoje querem ser os opressores. Devemos respeitar os seus direitos, mas devemos também exigir que respeitem os nossos. E, aqui, volto a me socorrer de Voltaire, com uma pequena alteração: aceitarei o pensamento dos outros, mas defenderei o meu direito de pensar de maneira diferente.

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