O game “Assassin’s Creed”, lançado pela empresa
francesa Ubisoft, foi um sucesso entre os aficionados de jogos de ação.
Ambientado na Itália da época da Renascença, o jogo mistura ação com elementos
históricos, tais como monumentos e personagens daquela época, em uma Itália onde o Papa
detinha um imenso poder político e as grandes cidades eram Estados
independentes competindo entre si pelo poder na península. Além da diversão, o
jogo acaba proporcionando um conhecimento a mais de história.
Muitos jogos de sucesso foram adaptados de filmes,
histórias em quadrinhos, desenhos ou livros. “Assassin’s Creed” fez o caminho
inverso: o game de sucesso virou um livro de sucesso.
Escrito por Oliver Bowden, pseudônimo de um
escritor e historiador especialista no período da Renascença, o livro centra
sua ação na disputa entre duas facções rivais. De um lado. O Credo dos
Assassinos; de outro, os Cavaleiros Templários.
Estes dois grupos realmente existiram. O Credo dos Assassinos foi uma
seita oriental surgida na época das Cruzadas, por volta do ano 900 d.C.. Os
‘assassinos’, por sinal, já apareceram em um filme inspirado em outro game de
sucesso, “Príncipe da Pérsia’, além do livro ‘Anjos e Demônios’, do americano
Dan Brown, posteriormente transformado em filme. Os Cavaleiros
Templários eram uma ordem militar-religiosa formada para defender os peregrinos
cristãos que viajavam para a cidade de Jerusalém, tida como ‘santa’ tanto por
cristãos quanto por muçulmanos. Segundo historiadores, os Templários juntaram
uma imensa fortuna, o que lhes trouxe um imenso poder. Receosa do poder
adquirido pela Ordem, a própria Igreja Católica, por meio de falsas acusações,
que foram desde a sodomia até o culto ao demônio, desfez a Ordem dos Templários.
No livro, o objetivo dos Templários é conseguir pôr
as mãos em alguns objetos que lhes dará o poder para conquistar o mundo. O
objetivo do Credo dos Assassinos é o de impedir que os Templários obtenham
esses artefatos, tornando-se seus guardiões e mantendo o mundo a salvo de sua
ambição. Numa visão maniqueísta, os Templários são os vilões e os Assassinos
são os mocinhos. A eterna luta do Bem contra o Mal.
No primeiro livro, “Assassin’s Creed – Renascença”, Ezio Auditore, após
ter seu pai e irmãos mortos, descobre que o pai era membro de uma obscura seita
chamada Credo dos Assassinos. Seu tio, Mario, também é um membro da Ordem e é
ele quem o orienta sobre o que é ser um ‘assassino’ e se ocupa do seu
treinamento. O Credo dos Assassinos tem como inimigo mortal a Ordem dos
Templários, liderada por ninguém menos que Rodrigo Borgia, ou Papa Alexandre
VI, pai de Cesare e Lucrecia Borgia, que surgem no segundo livro da série,
“Assassin’s Creed – Irmandade”. Na trama também aparecem outros personagens
históricos, como Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel.
O livro foi feito para agradar a um público
juvenil, o mesmo público-alvo do game. Como jogada de marketing, o livro vem se
juntar a outros objetos, como bonecos e revistas, ampliando os imensos lucros
já obtidos pelo game.
A ênfase do livro está mais na ação do que no
enredo. Os personagens são descritos de uma forma maniqueísta, simples, sendo
apresentados como vilões ou mocinhos. Não são movidos por dúvidas ou crises
existenciais, não há diálogos longos e há muita ação. Em contrapartida, tirando o lado ficcional, o livro
mostra bem o que foi o período em que a Itália ainda não estava constituída
como o país que é hoje, estando dividida em várias cidades-estados
independentes. Nesse caso, tanto o game quanto o livro acabam realizando um
trabalho didático.
Como
uma leitura feita simplesmente para divertir e relaxar, o livro atende às
expectativas da maioria dos seus leitores.
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