quinta-feira, 5 de julho de 2012

Assassin’s Creed – dos games para a literatura



O game “Assassin’s Creed”, lançado pela empresa francesa Ubisoft, foi um sucesso entre os aficionados de jogos de ação. Ambientado na Itália da época da Renascença, o jogo mistura ação com elementos históricos, tais como monumentos e personagens daquela época, em uma Itália onde o Papa detinha um imenso poder político e as grandes cidades eram Estados independentes competindo entre si pelo poder na península. Além da diversão, o jogo acaba proporcionando um conhecimento a mais de história.
Muitos jogos de sucesso foram adaptados de filmes, histórias em quadrinhos, desenhos ou livros. “Assassin’s Creed” fez o caminho inverso: o game de sucesso virou um livro de sucesso.
Escrito por Oliver Bowden, pseudônimo de um escritor e historiador especialista no período da Renascença, o livro centra sua ação na disputa entre duas facções rivais. De um lado. O Credo dos Assassinos; de outro, os Cavaleiros Templários.
Estes dois grupos realmente existiram. O Credo dos Assassinos foi uma seita oriental surgida na época das Cruzadas, por volta do ano 900 d.C.. Os ‘assassinos’, por sinal, já apareceram em um filme inspirado em outro game de sucesso, “Príncipe da Pérsia’, além do livro ‘Anjos e Demônios’, do americano Dan Brown, posteriormente transformado em filme. Os Cavaleiros Templários eram uma ordem militar-religiosa formada para defender os peregrinos cristãos que viajavam para a cidade de Jerusalém, tida como ‘santa’ tanto por cristãos quanto por muçulmanos. Segundo historiadores, os Templários juntaram uma imensa fortuna, o que lhes trouxe um imenso poder. Receosa do poder adquirido pela Ordem, a própria Igreja Católica, por meio de falsas acusações, que foram desde a sodomia até o culto ao demônio, desfez a Ordem dos Templários.
No livro, o objetivo dos Templários é conseguir pôr as mãos em alguns objetos que lhes dará o poder para conquistar o mundo. O objetivo do Credo dos Assassinos é o de impedir que os Templários obtenham esses artefatos, tornando-se seus guardiões e mantendo o mundo a salvo de sua ambição. Numa visão maniqueísta, os Templários são os vilões e os Assassinos são os mocinhos. A eterna luta do Bem contra o Mal.
No primeiro livro, “Assassin’s Creed – Renascença”, Ezio Auditore, após ter seu pai e irmãos mortos, descobre que o pai era membro de uma obscura seita chamada Credo dos Assassinos. Seu tio, Mario, também é um membro da Ordem e é ele quem o orienta sobre o que é ser um ‘assassino’ e se ocupa do seu treinamento. O Credo dos Assassinos tem como inimigo mortal a Ordem dos Templários, liderada por ninguém menos que Rodrigo Borgia, ou Papa Alexandre VI, pai de Cesare e Lucrecia Borgia, que surgem no segundo livro da série, “Assassin’s Creed – Irmandade”. Na trama também aparecem outros personagens históricos, como Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel.
O livro foi feito para agradar a um público juvenil, o mesmo público-alvo do game. Como jogada de marketing, o livro vem se juntar a outros objetos, como bonecos e revistas, ampliando os imensos lucros já obtidos pelo game.
A ênfase do livro está mais na ação do que no enredo. Os personagens são descritos de uma forma maniqueísta, simples, sendo apresentados como vilões ou mocinhos. Não são movidos por dúvidas ou crises existenciais, não há diálogos longos e há muita ação. Em contrapartida, tirando o lado ficcional, o livro mostra bem o que foi o período em que a Itália ainda não estava constituída como o país que é hoje, estando dividida em várias cidades-estados independentes. Nesse caso, tanto o game quanto o livro acabam realizando um trabalho didático.
Como uma leitura feita simplesmente para divertir e relaxar, o livro atende às expectativas da maioria dos seus leitores.

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