Observando os últimos dias, quando o Corinthians
estava em Yokohama, no Japão, para disputar o Mundial da FIFA, pude observar
certas situações, e lembrar de outras, que parecem só ocorrer no Brasil.
Uma das coisas que já nos habituamos a ouvir dos
comentaristas, quando um time brasileiro disputa um campeonato internacional
(Libertadores, Sulamericana ou Mundial de Clubes), é que aquele time “é o
Brasil na Libertadores”, por exemplo. São levantadas bandeiras de um falso
‘patriotismo’. Torcedores de outros times aderem a esse bordão e passam a
torcer por equipes que, normalmente, são rivais. Outro fato que causa
discussões é o ranking da FIFA. Quando o Brasil perde posições – e,
principalmente, quando é ultrapassado pela Argentina –, causa uma espécie de
indignação entre os brasileiros, que não aceitam que o Brasil deixe de ser um
dos três primeiros times no ranking, no mínimo.
Porém, algumas notícias que envolvem situações mais
graves e alarmantes acabam passando despercebidas. Como é o caso de um ranking
sobre educação, recentemente divulgado. Dentre os quarenta países que fizeram
parte da análise, o Brasil ocupou o trigésimo nono lugar! É isso mesmo: posição
número 39, entre 40 países! Só ficamos à frente da Indonésia! Qual foi o resultado
disso? Nenhum.
Não vi nenhum comentário indignado no Facebook ou
no Twitter, embora tenhamos ficado atrás da Argentina, por exemplo.
Temos vários recordes negativos, mas ninguém parece
se importar com isso. Somos um dos primeiros países em acidentes de trânsito;
estamos no topo em violência e corrupção. Ocupamos as últimas posições quando o
assunto é educação. Mas, tudo bem. Desde que sejamos um dos primeiros no
futebol. Cair no ranking da FIFA é que não pode!
É por isso que, atualmente, temos esta educação de
fachada. O governo brasileiro divulga números baixíssimos de analfabetos, mas
vemos alunos do Ensino Médio que não leem nem escrevem com um mínimo de
correção; a educação é elogiada pelos nossos governantes, mas o que vemos são vários
professores despreparados e que não conhecem nem mesmo as matérias que lecionam;
vemos garis ganhando quase o mesmo – e, às vezes, até mais – que professores.
Enquanto o governo faz cortes nas verbas voltadas
para a educação, liberam milhões de reais para a construção de estádios para a
Copa do Mundo – embora o então presidente Lula, aquele que nunca sabia de nada,
tenha afirmado categoricamente que os estádios seriam construídos com dinheiro
privado, com o governo arcando apenas com as obras de infraestrutura.
Atualmente, a única preocupação do povo brasileiro
é com a Copa do Mundo que será realizada no Brasil. A maioria da população está
preocupada com o fato de o Brasil ainda não ter um time pronto, enquanto
seleções como Espanha e Alemanha têm uma base desde a última Copa. O povo anda
preocupado em não repetir o fiasco de 1950, quando fomos derrotados pelo
Uruguai e perdemos o título em pleno Maracanã. Porém, não vejo ninguém
preocupado – nem mesmo os nossos governantes – com o fato de perdermos para o
mesmo Uruguai, para o Chile e para a Argentina em termos de educação.
Lembrando: só ganhamos da Indonésia, dentre os 40 países analisados.
E por que o povo brasileiro só se preocupa com o
futebol, deixando de lado questões mais relevantes? Por causa dessa mesma
educação que nos deixa em trigésimo nono lugar, dentre 40 países!
A educação que recebemos – e que nós, como
professores, repassamos! – não nos permite analisar questões relevantes. O
brasileiro vive ainda como os romanos da época dos Césares: é só dar-lhes pão e
circo – leia-se: bolsa família e futebol – e ele fica calado e contente. Passando
fome, desempregado, morrendo de várias doenças por falta de infraestrutura e
vivendo na ignorância.
Mas com orgulho de ser brasileiro, o país da próxima Copa do Mundo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário