sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O país do pão e do circo


Observando os últimos dias, quando o Corinthians estava em Yokohama, no Japão, para disputar o Mundial da FIFA, pude observar certas situações, e lembrar de outras, que parecem só ocorrer no Brasil.
Uma das coisas que já nos habituamos a ouvir dos comentaristas, quando um time brasileiro disputa um campeonato internacional (Libertadores, Sulamericana ou Mundial de Clubes), é que aquele time “é o Brasil na Libertadores”, por exemplo. São levantadas bandeiras de um falso ‘patriotismo’. Torcedores de outros times aderem a esse bordão e passam a torcer por equipes que, normalmente, são rivais. Outro fato que causa discussões é o ranking da FIFA. Quando o Brasil perde posições – e, principalmente, quando é ultrapassado pela Argentina –, causa uma espécie de indignação entre os brasileiros, que não aceitam que o Brasil deixe de ser um dos três primeiros times no ranking, no mínimo.
Porém, algumas notícias que envolvem situações mais graves e alarmantes acabam passando despercebidas. Como é o caso de um ranking sobre educação, recentemente divulgado. Dentre os quarenta países que fizeram parte da análise, o Brasil ocupou o trigésimo nono lugar! É isso mesmo: posição número 39, entre 40 países! Só ficamos à frente da Indonésia! Qual foi o resultado disso? Nenhum.
Não vi nenhum comentário indignado no Facebook ou no Twitter, embora tenhamos ficado atrás da Argentina, por exemplo.
Temos vários recordes negativos, mas ninguém parece se importar com isso. Somos um dos primeiros países em acidentes de trânsito; estamos no topo em violência e corrupção. Ocupamos as últimas posições quando o assunto é educação. Mas, tudo bem. Desde que sejamos um dos primeiros no futebol. Cair no ranking da FIFA é que não pode!
É por isso que, atualmente, temos esta educação de fachada. O governo brasileiro divulga números baixíssimos de analfabetos, mas vemos alunos do Ensino Médio que não leem nem escrevem com um mínimo de correção; a educação é elogiada pelos nossos governantes, mas o que vemos são vários professores despreparados e que não conhecem nem mesmo as matérias que lecionam; vemos garis ganhando quase o mesmo – e, às vezes, até mais – que professores.
Enquanto o governo faz cortes nas verbas voltadas para a educação, liberam milhões de reais para a construção de estádios para a Copa do Mundo – embora o então presidente Lula, aquele que nunca sabia de nada, tenha afirmado categoricamente que os estádios seriam construídos com dinheiro privado, com o governo arcando apenas com as obras de infraestrutura.   
Atualmente, a única preocupação do povo brasileiro é com a Copa do Mundo que será realizada no Brasil. A maioria da população está preocupada com o fato de o Brasil ainda não ter um time pronto, enquanto seleções como Espanha e Alemanha têm uma base desde a última Copa. O povo anda preocupado em não repetir o fiasco de 1950, quando fomos derrotados pelo Uruguai e perdemos o título em pleno Maracanã. Porém, não vejo ninguém preocupado – nem mesmo os nossos governantes – com o fato de perdermos para o mesmo Uruguai, para o Chile e para a Argentina em termos de educação. Lembrando: só ganhamos da Indonésia, dentre os 40 países analisados.
E por que o povo brasileiro só se preocupa com o futebol, deixando de lado questões mais relevantes? Por causa dessa mesma educação que nos deixa em trigésimo nono lugar, dentre 40 países!
A educação que recebemos – e que nós, como professores, repassamos! – não nos permite analisar questões relevantes. O brasileiro vive ainda como os romanos da época dos Césares: é só dar-lhes pão e circo – leia-se: bolsa família e futebol – e ele fica calado e contente. Passando fome, desempregado, morrendo de várias doenças por falta de infraestrutura e vivendo na ignorância.
Mas com orgulho de ser brasileiro, o país da próxima Copa do Mundo!       

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