Desde priscas eras temos ouvido as pessoas clamarem por ‘liberdade’. E muito
já se fez em nome dela: guerras, assassinatos, revoluções. A ‘liberdade’ é
colocada como antônimo de autoritarismo, de ditadura. Na época do governo
militar, no Brasil, muitas pessoas desapareceram nos porões da ditadura lutando
pela liberdade; nos Estados Unidos, o povo americano lutou contra os
colonizadores ingleses pela sua liberdade; a Revolução Francesa depôs a
monarquia para acabar com sua opressão e obter liberdade; o Aliados enfrentaram
a Alemanha de Hitler para evitar o nazismo que oprimiria a liberdade das nações.
E, afinal, conseguimos esta tão sonhada e propalada liberdade?
Liberdade, na verdade, é apenas um conceito abstrato e vago. Mesmo nas
chamadas ‘democracias’ não existe, verdadeiramente, liberdade. No Brasil, por
exemplo, onde supostamente vivemos uma democracia, vemos que não possuímos, de
fato, liberdade: somos obrigados a votar; somos obrigados a nos alistar nas
Forças Armadas; somos obrigados a lutar pelo país em caso de guerra; somos
obrigados a pagar impostos; e por aí vai. Ou seja, somos obrigados a fazer uma
porção de coisas que não queremos, e deixar de fazer umas tantas outras que
queremos. Na maior parte dos casos, somos obrigados a agir contra a nossa
vontade.
Quando votamos, não votamos nos candidatos que achamos serem os melhores
para determinados cargos, mas votamos nos candidatos que os Partidos nos
oferecem. Não escolhemos quem queremos; escolhemos dentre as opções que nos são
oferecidas.
Temos Leis que nos dizem o que podemos ou não podemos fazer. Mantemos a
nossa liberdade quando obedecemos a essas leis; quem desobedece, fica privado
de sua liberdade.
Moralmente, existe uma ‘lei’ que nos diz que o limite da nossa liberdade
vai até onde começa a liberdade de outra pessoa. Eu só posso fazer algo que não
incomode outra pessoa, caso contrário não devo fazê-lo. Posso exercer minha
liberdade dentro de determinados limites. Nossa liberdade é cerceada e vigiada
– Big Brother em ação (estou falando do famoso livro ‘1984’, de George Orwell,
e não daquela imbecilidade exibida pela Rede Globo).
Em tempos idos, permitia-se a realização de duelos. Se uma pessoa
matasse outra em um duelo não seria presa por assassinato, já que a vítima
havia concordado em participar do referido duelo. Atualmente, duelos são
proibidos. Se uma pessoa matar outra em duelo, será presa por assassinato.
Mesmo que as duas partes concordem em duelar, o duelo é considerado ilegal.
Ou seja: nossa liberdade é determinada pela sociedade e por suas ideias
de momento. A sociedade nos prende a determinadas convenções que devemos
seguir, querendo ou não. Daí podemos deduzir que não temos, de fato, liberdade.
O que temos são concessões que a sociedade nos dá, permitindo que façamos algo
ou não.
Na verdade, esse tempo todo temos lutado por uma utopia: a utopia da
Liberdade! Temos matado e morrido por nada. O povo – a grande massa de gente –
foi feita para seguir, e não para ser seguida – daí o grande número de igrejas
e religiões que nascem todos os dias; daí o número de ditaduras que pululam
pelo mundo. A ‘massa’ faz não o que quer, mas o que a mandam fazer. A televisão
nos diz o que comprar, o que vestir, o que assistir e o que fazer, enquanto nos
passa a falsa impressão de liberdade, de que fazemos o que queremos.
Mesmo em governos ditos ‘democráticos’, essa democracia é pura ilusão. O
governo do povo, na verdade, é o governo de uma minoria que recebe o aval de
uma maioria para oprimir esta maioria. E, geralmente, essa minoria age em
proveito próprio, sem defender os interesses da maioria que os colocou lá.
O que devemos fazer, então, para alcançarmos a Liberdade?
Não sei. Não escrevi este texto com a pretensão de fornecer respostas,
mas de fazer perguntas, de fazer com que as pessoas pensem sobre a questão.
Pelo menos, aqui, cada um terá a liberdade de encontrar suas próprias
respostas.
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