sábado, 26 de janeiro de 2013

Imbecilidade em ‘horário nobre’



Todo início de ano vemos a reedição de uma das maiores imbecilidades já apresentadas na televisão brasileira: o famigerado “Big Brother Brasil”. E, o que é pior, vemos as pessoas preocupadas com quem irá ganhar o prêmio ou apreensivas diante de mais um paredão, como se isso fosse algo de importância vital para a continuação de suas vidas. Mesmo quem não perde seu tempo assistindo a uma imbecilidade destas, não tem como deixar de conhecer alguns detalhes, seja por intermédio dos comentários das pessoas – na rua, no trabalho etc. –, seja por flashes durante a programação da TV Globo.
Verdade seja dita: o programa é uma verdadeira ‘mina de ouro’ para a TV Globo. A cada paredão, vemos milhares de ligações, o que proporciona milhares de reais para os cofres da emissora, sem contar o dinheiro dos patrocínios. Com o que arrecada, a TV Globo consegue pagar todas as despesas e prêmios com os participantes e ainda sobra alguns milhões na sua conta bancária.
O triste da história é vermos uma pessoa que, ao longo da carreira, tanto como jornalista quanto como escritor, sempre demonstrou ser um homem inteligente, como é o caso de Pedro Bial, prestando-se para apresentar um programa dessa qualidade e, o que é pior, qualificando os representantes do programa como ‘heróis’!
Heróis, por quê? Por aguentarem passar alguns meses representando seus ridículos papéis para todo o Brasil? Por falarem idiotices atrás de idiotices e arranjarem confusões pelos motivos mais fúteis? Por se sujeitarem a apresentar cenas dignas de filmes pornôs em um horário no qual há crianças assistindo?
Herói é a pessoa que trabalha o dia todo e, à noite, vai para a escola ou faculdade pensando em adquirir conhecimentos que possam ajudá-la a progredir na vida. Herói é a pessoa que sobrevive com um salário mínimo, em um país no qual os políticos e alguns funcionários públicos ganham verdadeiras fortunas para não trabalhar. Herói é você viver em uma cidade violenta, saindo de casa todos os dias para trabalhar ou estudar, apesar do medo que sente de ser assaltado ou assassinado. Herói é o professor e o médico, que insistem nas suas profissões, apesar de não terem reconhecimento e receberem um pagamento ridículo.
Em um país como o Brazil – com ‘z’, sim, subservientes que somos à cultura americana –, onde as pessoas não estão habituadas a refletir sobre as coisas, aceitando qualquer porcaria que lhes seja atirada na cara, teremos que aguentar por muito tempo a presença desse Big Brother, um programa que representa um total desserviço à educação – e, infelizmente, não é o único – e que não acrescenta nada de útil, nem mesmo como simples divertimento.
É triste vermos tantas pessoas desperdiçando seu dinheiro votando em ‘paredões’, quando essa mesma quantia poderia ser utilizada para projetos educacionais, para a construção de postos de saúde, para a ampliação de escolas, para a compra de remédios para os hospitais, para o saneamento básico de bairros miseráveis.
Porém, as pessoas preferem doar seu dinheiro para sustentar uma imbecilidade como o Big Brother, ao invés de doar esse mesmo dinheiro para uma instituição de caridade ou um asilo, por exemplo.
Somos o país do Big Brother. E, enquanto permanecermos assim, continuaremos a ter desigualdade social, racismo, homofobia e outros problemas advindos da falta de cultura e conhecimento do nosso povo.

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