Todo início de ano vemos a reedição de uma das maiores imbecilidades já
apresentadas na televisão brasileira: o famigerado “Big Brother Brasil”. E, o
que é pior, vemos as pessoas preocupadas com quem irá ganhar o prêmio ou
apreensivas diante de mais um paredão, como se isso fosse algo de importância
vital para a continuação de suas vidas. Mesmo quem não perde seu tempo
assistindo a uma imbecilidade destas, não tem como deixar de conhecer alguns
detalhes, seja por intermédio dos comentários das pessoas – na rua, no trabalho
etc. –, seja por flashes durante a programação da TV Globo.
Verdade seja dita: o programa é uma verdadeira ‘mina de ouro’ para a TV
Globo. A cada paredão, vemos milhares de ligações, o que proporciona milhares
de reais para os cofres da emissora, sem contar o dinheiro dos patrocínios. Com
o que arrecada, a TV Globo consegue pagar todas as despesas e prêmios com os
participantes e ainda sobra alguns milhões na sua conta bancária.
O triste da história é vermos uma pessoa que, ao longo da carreira,
tanto como jornalista quanto como escritor, sempre demonstrou ser um homem
inteligente, como é o caso de Pedro Bial, prestando-se para apresentar um
programa dessa qualidade e, o que é pior, qualificando os representantes do
programa como ‘heróis’!
Heróis, por quê? Por aguentarem passar alguns meses representando seus
ridículos papéis para todo o Brasil? Por falarem idiotices atrás de idiotices e
arranjarem confusões pelos motivos mais fúteis? Por se sujeitarem a apresentar
cenas dignas de filmes pornôs em um horário no qual há crianças assistindo?
Herói é a pessoa que trabalha o dia todo e, à noite, vai para a escola
ou faculdade pensando em adquirir conhecimentos que possam ajudá-la a progredir
na vida. Herói é a pessoa que sobrevive com um salário mínimo, em um país no
qual os políticos e alguns funcionários públicos ganham verdadeiras fortunas
para não trabalhar. Herói é você viver em uma cidade violenta, saindo de casa
todos os dias para trabalhar ou estudar, apesar do medo que sente de ser
assaltado ou assassinado. Herói é o professor e o médico, que insistem nas suas
profissões, apesar de não terem reconhecimento e receberem um pagamento
ridículo.
Em um país como o Brazil – com ‘z’, sim, subservientes que somos à
cultura americana –, onde as pessoas não estão habituadas a refletir sobre as
coisas, aceitando qualquer porcaria que lhes seja atirada na cara, teremos que
aguentar por muito tempo a presença desse Big Brother, um programa que
representa um total desserviço à educação – e, infelizmente, não é o único – e
que não acrescenta nada de útil, nem mesmo como simples divertimento.
É triste vermos tantas pessoas desperdiçando seu dinheiro votando em
‘paredões’, quando essa mesma quantia poderia ser utilizada para projetos
educacionais, para a construção de postos de saúde, para a ampliação de
escolas, para a compra de remédios para os hospitais, para o saneamento básico
de bairros miseráveis.
Porém, as pessoas preferem doar seu dinheiro para sustentar uma imbecilidade
como o Big Brother, ao invés de doar esse mesmo dinheiro para uma instituição
de caridade ou um asilo, por exemplo.
Somos
o país do Big Brother. E, enquanto permanecermos assim, continuaremos a ter
desigualdade social, racismo, homofobia e outros problemas advindos da falta de
cultura e conhecimento do nosso povo.
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