sábado, 3 de agosto de 2013

Estado não sabe administrar estádios; Consórcios também não

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A preparação do Brasil para a Copa do Mundo tem trazido algumas novidades e algumas polêmicas: aumento no preço dos ingressos, o que leva a uma elitização das torcidas; proibições absurdas, como a de o torcedor não poder tirar a camisa durante os jogos (na Europa, mesmo no inverno, vemos torcedores sem camisa); proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios; e por aí vai.
Uma das novidades foi a privatização dos estádios outrora públicos, tais como o Mineirão e o Maracanã. O argumento utilizado foi o de que o Estado não sabe gerir estádios de futebol, e que estes seriam melhor administrados pela iniciativa privada. Na prática, porém, não é isso que temos presenciado.
Na final da Libertadores, por exemplo, tivemos uma total desorganização por parte do Consórcio que administra o Mineirão. Filas imensas, ingressos nas mãos de cambistas, preços elevados, falta de policiamento e confusão na hora de entrar no estádio. Resultado: torcedores furaram a fila, pularam cercas e quebraram catracas. Muitos torcedores, que pagaram R$ 500,00 por um ingresso, acabaram não conseguindo entrar no estádio, enquanto outros assistiram ao jogo sem pagar.
No jogo entre Fluminense X Cruzeiro, no Rio de Janeiro, a situação não foi muito diferente da que ocorreu em Minas. Apesar de o público ser bem menor que o do jogo do Atlético-MG pela Libertadores, formaram-se filas quilométricas na hora de entrar no Maracanã e muita gente teve dificuldade em comprar ingresso na hora ou trocar ingressos comprados pela Internet. O mesmo ocorreu um dia depois, no jogo Botafogo X Vitória. Ou seja: os Consórcios não estão preparados para administrar jogos que tenham público acima de 10.000 torcedores.
Além disso, várias promessas que foram feitas não foram cumpridas. Uma delas foi a de “mobilidade urbana”. Por “mobilidade urbana” pensou-se que seriam feitas obras que melhorassem o fluxo do trânsito, evitando engarrafamentos. Várias pessoas tiveram suas casas desapropriadas para que pudessem ser feitas obras da tal mobilidade urbana. E o que acontece quando tem jogo? O governo pede que as pessoas vão para o estádio de ônibus ou metrô, para não causar engarrafamentos. Ruas próximas aos estádios são fechadas para desencorajar torcedores mais teimosos que insistam em ir no seu próprio carro. Cadê a tão propalada “mobilidade urbana”? O que melhorou no trânsito? De que adiantaram as desapropriações?
Pelo o que temos visto, não são apenas estádios que o governo não sabe administrar. O governo não sabe é ADMINISTRAR! E as privatizações não têm adiantado muita coisa. O Maracanã, por exemplo, custou cerca de 1 bilhão e 200 milhões de reais (dinheiro que dava para construir um excelente estádio do zero, mas que foi gasto apenas na “reforma” do Maracanã), mas foi repassado ao Consórcio por 700 milhões. 500 milhões do nosso dinheiro ficaram pelo caminho. E para quê? Para termos um estádio que, em termos de atendimento, está pior do que era antes.
O estádio está lindo, está confortável, ninguém mais é obrigado a assistir aos jogos em pé ou sentado em um bloco de cimento desconfortável. Porém, o torcedor tem dificuldade para chegar ao estádio, é obrigado a enfrentar filas imensas e, muitas vezes, não consegue o ingresso ou só o consegue quando o jogo já está pela metade. O torcedor paga o preço total do ingresso e só assiste a meio jogo.
Os estádios são de primeiro mundo, e os preços dos ingressos também. Mas o atendimento continua sendo de terceiro mundo, de país subdesenvolvido. E, enquanto isso, o nosso futebol vai caindo pelas tabelas, agonizando e respirando por aparelhos.

Vamos ver se estas cenas irão se repetir no jogo Vasco X Botafogo.               

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