Os deuses gregos e latinos estão
há muito desaparecidos, substituídos que foram pelo Deus cristão por ocasião da
conversão do Imperador Constantino à religião cristã, então recentemente
organizada. Embora, atualmente, façam parte apenas da imaginação e da
literatura, utilizados como fonte de divertimento, exerceram grande papel na
formação da cultura grega e, posteriormente, na construção da do povo romano
que, ao conquistar parte do mundo conhecido à época, espalhou-a pelos vários
povos dominados, formando a base da cultura ocidental contemporânea. Os deuses
gregos constituíram a base do que hoje se conhece por ‘mitologia grega’, e
surgiram em virtude da propensão do povo grego para a contemplação e da sua
capacidade para o pensamento abstrato e filosófico. Decorre daí o fato de que
foram os gregos os grandes influenciadores do pensamento filosófico e da
ciência modernas.
A mitologia grega, ao invés de se
constituir em uma religião, como a conhecemos atualmente, era mais uma forma de
o povo grego justificar as mudanças e fenômenos para os quais não havia uma
explicação plausível: por que chovia? O que era o relâmpago? Que estrondo era
aquele que vinha do céu quando chovia? Na tentativa de explicar estes e outros
fenômenos desconhecidos, os gregos criaram seres divinos, superiores aos
homens, os quais decidiam o destino dos seres humanos e influenciavam as coisas
que aconteciam na Terra. Por acreditarem firmemente na influência dos deuses
sobre os destinos humanos, os gregos entremeavam fatos históricos com
narrativas mitológicas, tornando difícil, atualmente, separar o que é fato do
que é ficção. A célebre Guerra de Troia, por exemplo, é encarada por muitos
historiadores como sendo mera ficção, uma simples narrativa literária, enquanto
outros não descartam a sua ocorrência e, inclusive, acreditam terem encontrado indícios
do que poderia ter sido a cidade de Troia em uma região que atualmente faz
parte da costa turca.
Portanto, o mito exercia uma
grande influência para o povo grego, pois era por meio do mito que eles
conseguiam explicar fenômenos que, de outra forma, ficariam sem explicação.
Para aqueles que consideram a mitologia grega fruto de um povo ignorante e
atrasado, vale a pena lembrar que, mesmo nos dias atuais, com todo o
conhecimento e tecnologia a nossa disposição, encontramos diversos tipos de
superstição nos mais diferentes povos espalhados pelo globo.
Ao iniciar o seu domínio sobre os
outros povos, no que se tornaria o grande Império Romano, uma das primeiras
regiões a serem conquistadas foi a Magna Grécia, localizada no sul da atual
Itália. Os romanos, então, utilizaram-se dos gregos cultos para exercerem
diversas funções, entre elas a de professores. O contato com gregos cultos
influenciou a cultura e a literatura romana. Porém, o que hoje é referido como
mitologia greco-romana não existe. Na verdade, os romanos apossaram-se da
mitologia grega e a adaptaram de acordo com sua própria visão de mundo, a qual
diferia da visão grega.
Uma das coisas que devemos ter em
mente quando estudamos as culturas grega e romana é que existia uma diferença
básica entre elas: enquanto os gregos possuíam uma grande inclinação para o
pensamento abstrato e despendiam muito tempo em contemplações filosóficas, os
romanos eram um povo voltado para as coisas práticas do dia-a-dia. Essa
diferença influiu na maneira de os romanos conceberem sua própria mitologia.
Assim, enquanto os deuses gregos eram concebidos como seres reais, possuidores
de uma personalidade individual e com histórias próprias, os romanos concebiam
os deuses representando funções, em vez de serem concebidos como seres reais. Dessa
forma, enquanto os gregos viam os deuses como causadores de fenômenos
específicos – um raio surgia no céu porque havia sido lançado por Zeus, em sua
fúria –, os romanos nomeavam o próprio fenômeno com o nome de uma divindade –
Abundância ou Fortuna, por exemplo. Além disso, ao utilizarem a mitologia grega
como modelo, os romanos realizaram algumas modificações, como a adoção de nomes
romanos para as divindades gregas – Júpiter no lugar de Zeus e Mercúrio no
lugar de Hermes, por exemplo –, bem como a utilização de características de
divindades já pertencentes à cultura romana, incorporando-as às divindades
gregas.
Com a expansão do Império Romano
por praticamente toda a Europa, a mitologia desse povo incorporou-se à cultura
dos povos por eles dominados, e acabou por influenciar estes povos, mesmo que
eles não a adotassem de forma integral.
O próprio cristianismo, na figura
da Igreja Católica que começava a se formar, adotou diversos elementos da
cultura romana e os transfigurou em dogmas e convenções do cristianismo nascente.
Um exemplo disso são os ‘santos’
da religião católica. Na antiga cultura romana, cada casa tinha um local
específico para cultuar seus ‘deuses protetores’, chamados de numes tutelares.
Além disso, esses ‘numes’ também funcionavam como uma espécie de protetores das
cidades, tais como os santos padroeiros atualmente. A Igreja Católica nascente
apropriou-se dessa tradição utilizada pelos romanos e criou os ‘santos’
protetores de cidades (os chamados ‘padroeiros’) e ‘santos’ que funcionam para
casos específicos (caso de São Cristóvão, santo protetor dos motoristas, e
Santa Luzia, santa protetora dos olhos).
Os mitos que influenciaram as
culturas grega e romana, direta ou indiretamente, também influenciaram e
continuam influenciando a cultura ‘moderna’, influência esta que se estende ao
direito, às línguas, a hábitos sociais, às artes etc.
O legado deixado por essas
culturas influencia e continuará influenciando nossa sociedade por muito mais
tempo.
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