terça-feira, 23 de abril de 2013

A importância da mitologia para a elaboração das culturas grega e romana


Os deuses gregos e latinos estão há muito desaparecidos, substituídos que foram pelo Deus cristão por ocasião da conversão do Imperador Constantino à religião cristã, então recentemente organizada. Embora, atualmente, façam parte apenas da imaginação e da literatura, utilizados como fonte de divertimento, exerceram grande papel na formação da cultura grega e, posteriormente, na construção da do povo romano que, ao conquistar parte do mundo conhecido à época, espalhou-a pelos vários povos dominados, formando a base da cultura ocidental contemporânea. Os deuses gregos constituíram a base do que hoje se conhece por ‘mitologia grega’, e surgiram em virtude da propensão do povo grego para a contemplação e da sua capacidade para o pensamento abstrato e filosófico. Decorre daí o fato de que foram os gregos os grandes influenciadores do pensamento filosófico e da ciência modernas.
A mitologia grega, ao invés de se constituir em uma religião, como a conhecemos atualmente, era mais uma forma de o povo grego justificar as mudanças e fenômenos para os quais não havia uma explicação plausível: por que chovia? O que era o relâmpago? Que estrondo era aquele que vinha do céu quando chovia? Na tentativa de explicar estes e outros fenômenos desconhecidos, os gregos criaram seres divinos, superiores aos homens, os quais decidiam o destino dos seres humanos e influenciavam as coisas que aconteciam na Terra. Por acreditarem firmemente na influência dos deuses sobre os destinos humanos, os gregos entremeavam fatos históricos com narrativas mitológicas, tornando difícil, atualmente, separar o que é fato do que é ficção. A célebre Guerra de Troia, por exemplo, é encarada por muitos historiadores como sendo mera ficção, uma simples narrativa literária, enquanto outros não descartam a sua ocorrência e, inclusive, acreditam terem encontrado indícios do que poderia ter sido a cidade de Troia em uma região que atualmente faz parte da costa turca.
Portanto, o mito exercia uma grande influência para o povo grego, pois era por meio do mito que eles conseguiam explicar fenômenos que, de outra forma, ficariam sem explicação. Para aqueles que consideram a mitologia grega fruto de um povo ignorante e atrasado, vale a pena lembrar que, mesmo nos dias atuais, com todo o conhecimento e tecnologia a nossa disposição, encontramos diversos tipos de superstição nos mais diferentes povos espalhados pelo globo.
Ao iniciar o seu domínio sobre os outros povos, no que se tornaria o grande Império Romano, uma das primeiras regiões a serem conquistadas foi a Magna Grécia, localizada no sul da atual Itália. Os romanos, então, utilizaram-se dos gregos cultos para exercerem diversas funções, entre elas a de professores. O contato com gregos cultos influenciou a cultura e a literatura romana. Porém, o que hoje é referido como mitologia greco-romana não existe. Na verdade, os romanos apossaram-se da mitologia grega e a adaptaram de acordo com sua própria visão de mundo, a qual diferia da visão grega.
Uma das coisas que devemos ter em mente quando estudamos as culturas grega e romana é que existia uma diferença básica entre elas: enquanto os gregos possuíam uma grande inclinação para o pensamento abstrato e despendiam muito tempo em contemplações filosóficas, os romanos eram um povo voltado para as coisas práticas do dia-a-dia. Essa diferença influiu na maneira de os romanos conceberem sua própria mitologia. Assim, enquanto os deuses gregos eram concebidos como seres reais, possuidores de uma personalidade individual e com histórias próprias, os romanos concebiam os deuses representando funções, em vez de serem concebidos como seres reais. Dessa forma, enquanto os gregos viam os deuses como causadores de fenômenos específicos – um raio surgia no céu porque havia sido lançado por Zeus, em sua fúria –, os romanos nomeavam o próprio fenômeno com o nome de uma divindade – Abundância ou Fortuna, por exemplo. Além disso, ao utilizarem a mitologia grega como modelo, os romanos realizaram algumas modificações, como a adoção de nomes romanos para as divindades gregas – Júpiter no lugar de Zeus e Mercúrio no lugar de Hermes, por exemplo –, bem como a utilização de características de divindades já pertencentes à cultura romana, incorporando-as às divindades gregas.
Com a expansão do Império Romano por praticamente toda a Europa, a mitologia desse povo incorporou-se à cultura dos povos por eles dominados, e acabou por influenciar estes povos, mesmo que eles não a adotassem de forma integral.
O próprio cristianismo, na figura da Igreja Católica que começava a se formar, adotou diversos elementos da cultura romana e os transfigurou em dogmas e convenções do cristianismo nascente.
Um exemplo disso são os ‘santos’ da religião católica. Na antiga cultura romana, cada casa tinha um local específico para cultuar seus ‘deuses protetores’, chamados de numes tutelares. Além disso, esses ‘numes’ também funcionavam como uma espécie de protetores das cidades, tais como os santos padroeiros atualmente. A Igreja Católica nascente apropriou-se dessa tradição utilizada pelos romanos e criou os ‘santos’ protetores de cidades (os chamados ‘padroeiros’) e ‘santos’ que funcionam para casos específicos (caso de São Cristóvão, santo protetor dos motoristas, e Santa Luzia, santa protetora dos olhos).
Os mitos que influenciaram as culturas grega e romana, direta ou indiretamente, também influenciaram e continuam influenciando a cultura ‘moderna’, influência esta que se estende ao direito, às línguas, a hábitos sociais, às artes etc.
O legado deixado por essas culturas influencia e continuará influenciando nossa sociedade por muito mais tempo. 

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