Outro dia, vendo
um comercial sobre um evento de UFC (Ultimate Fighting Championship),
ocorreu-me um pensamento: o homem de hoje, com toda a sua tecnologia e
comodidades da vida moderna, é muito diferente dos romanos que iam ao Coliseu para
assistir às lutas de gladiadores? Analisando o que acontece modernamente e o
que acontecia antigamente, podemos deduzir que a resposta é NÃO!
Os romanos que
iam ao Coliseu não o faziam apenas para ver um gladiador derrotar o outro, e
sim para ver um gladiador MATAR o outro. O que interessava ali era ver o sangue
jorrando do corpo do perdedor. E, se o vencedor também morresse, tanto melhor.
Era um bônus! Além disso, havia também a luta entre homens e feras: leões,
ursos e tigres enfrentavam gladiadores armados e, muitas vezes, as feras eram
colocadas para lutarem entre si. O gladiador tinha que matar a fera ou ser
morto por ela. De qualquer forma, independente de a luta ser entre dois homens
ou entre um homem e uma fera, ela só acabava com a morte de uma das partes.
O que temos
atualmente não é um cenário muito diferente. Os modernos gladiadores já não
usam lanças, espadas, escudos ou redes, e sim luvas. Mas, tirando esta
diferença, o resto não é muito diferente. A ‘torcida’ que comparece a estes
eventos ou que o assiste pela televisão quer apenas uma coisa: ver sangue!
Igual aos romanos que iam ao Coliseu querendo ver a morte de um dos
gladiadores. Morte que, eventualmente, acontece. Não é raro em torneios de
artes marciais – nos quais o UFC e o boxe estão incluídos – presenciarmos a
morte de um dos lutadores. Apesar de todas as regras e normas de segurança
existentes nestes torneios, a ocorrência de mortes não é algo impossível.
A torcida destes
eventos começa a se agitar quando os lutadores do evento principal estão para
entrar no ringue ou octógono – como acontecia antigamente, quando ocorriam
lutas entre gladiadores menos ‘famosos’ antes da entrada dos lutadores
principais. Quando eles começam a se esmurrar, a torcida delira, esperando o
nocaute de algum deles e extasiada pelo sangue que começa a manchar o chão –
muitas vezes na cor branca, para aparecer melhor as manchas de sangue. Os
lutadores de UFC e de boxe são admirados como o eram os antigos gladiadores.
Mas, pelo menos,
acabaram-se com as lutas entre feras e entre homens e animais, alguém pode
dizer. Não, não acabaram. Temos, ainda hoje, rinhas clandestinas de lutas de
galos e de lutas de cães. Os famosos cães pit-bulls foram desenvolvidos para
enfrentarem touros. A própria tourada, muito apreciada na Espanha e em outros
países, não deixa de ser uma luta entre um homem e uma fera. Em alguns eventos,
o toureiro mata o touro cravando-lhes diversas espadas. Entretanto, às vezes o
touro se vinga e acerta o toureiro.
Com toda a
‘modernidade’ da qual tanto ouvimos falar atualmente, ainda continuamos presos
a certos comportamentos ancestrais. Chamamos os povos antigos de bárbaros,
sanguinários, atrasados. Porém, acabamos por imitar-lhes as atitudes, agindo
exatamente como eles agiam em diversas situações.
Os Imperadores
romanos perceberam que o povo queria apenas pão, circo e gladiadores, e dava
isso para eles. Atualmente, as pessoas continuam querendo pão e esportes
violentos. O UFC, sem trocadilhos, caiu como uma luva.
Contudo, existe
uma diferença entre os romanos e os homens modernos: eles tinham que se dirigir
até o Coliseu para assistir às lutas, nós temos a comodidade de assisti-las
pelo pay-per-view.