Temos
presenciado, ultimamente, pessoas fazerem vários protestos motivados pelas mais
diversas questões. Protestos contra políticos, contra medidas presidenciais,
contra o desmatamento, contra a poluição, contra a violência. Pessoas protestam
contra o aquecimento global, contra a produção de armas nucleares, contra a
crueldade contra animais. Até aí, nada de mais. É um direito de todos os
cidadãos protestar contra algo que não lhes agrade, desde que esse protesto se
verifique de maneira ordenada, sem violência e baseado em argumentos
plausíveis. Porém, um fato estranho que vem ocorrendo durante os protestos é o
fato de as pessoas o fazerem nuas. Será que é preciso ficar nu para protestar?
Recentemente, na
Ucrânia, torcedoras que estavam protestando contra a realização da Eurocopa,
que será realizada em conjunto pela Ucrânia e Polônia, tentaram pegar a taça da
competição, invadindo o local seminuas. Um pouco mais perto do nosso quintal,
estudantes da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, realizaram um protesto
em que algumas estudantes tiraram suas blusas, exibindo os seios. Além disso,
algumas delas – a maioria, pelo que pude ver nas fotos – cobriram suas cabeças
com as tais blusas que deveriam estar cobrindo seus seios.
Quero deixar bem
claro que não sou puritano e nem estou aqui defendendo algum tipo de moral e
bons costumes defendidos na época de nossos avós. Porém, não consegui ainda ver
a conexão que existe entre alguns protestos e ficar nu. Se alguém estivesse
defendendo a manutenção de uma praia de nudismo que tivesse sido fechada pelas
autoridades, tudo bem, o ficar nu teria alguma relação com o protesto. Mas, em
outros casos, não há uma conexão entre o protesto e o ato de ficar nu. Se
reclamam da educação, ficam nus; se reclamam do preço da gasolina, ficam nus;
se reclamam do desmatamento, ficam nus; se reclamam da poluição, ficam nus.
O que parece é
que, como disse um amigo meu, há um desejo reprimido que é extravasado por
ocasião de um protesto. As pessoas querem ficar nuas e usam os protestos como a
ocasião ideal para isso. E, no final, as cenas de nudez chamam mais atenção do
que o protesto em si, que acaba ficando em segundo plano.
No caso das
estudantes da UFAM, o fato de ainda cobrirem o rosto nos leva a considerar
outras questões. Quando vemos alguém cobrindo o rosto, é porque esse alguém
está praticando algum ato repreensível, segundo o padrão social ou as leis. Se
um torcedor de futebol, por exemplo, quer começar uma briga em um estádio – o
que ele sabe ser errado –, cobre o rosto para não ser reconhecido pelas câmeras
e punido. O mesmo ocorre com um ladrão que cobre o rosto antes de praticar um
assalto. Ou seja, cobre o rosto por estar fazendo algo que ele sabe ser errado.
As garotas da
UFAM cobriram o rosto por vergonha ou por estarem realizando um protesto que
elas sabiam ser errado? Se era vergonha, a solução era simples: era só não
terem tirado suas blusas; se o protesto não tinha sentido, era só não
participarem dele. Ao tirarem a roupa e cobrirem o rosto, a meu ver, tiraram toda
a credibilidade que o protesto possuía, portando-se como marginais que cobrem o
rosto para praticar um crime e não serem reconhecidos.
Além disso,
ficarem com os seios expostos não ajudaria em nada o protesto. Existem formas
mais inteligentes de se chamar atenção para uma causa importante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário