A literatura e o
cinema estão repletos de livros e filmes sobre tesouros escondidos que, de uma
forma inesperada, às vezes, ou após várias peripécias, acabam sendo descobertos.
Na literatura, um destes tesouros ainda está por ser descoberto. Trata-se do
escritor português Antônio Patrício, falecido em 1930 e dono de uma obra
numericamente pequena, mas imensa sob o ponto de vista literário.
O escritor
publicou um livro de poesias, em 1905, intitulado “Oceano”; um livro de contos,
em 1910, intitulado “Serão Inquieto”; e quatro peças teatrais: O Fim (1909);
Pedro, o Cru (1918); Dinis e Isabel (1919); e D. João e a Máscara (1924). Após
a sua morte, foi publicado um livro de poesias, intitulado “Poesias”, em 1942.
Os poemas de
Patrício, autor inserido no simbolismo-decadentismo, tratam de temas muito
caros ao povo português, tais como o mar, as viagens e a saudade, por exemplo,
temas ligados ao período glorioso da história portuguesa e que foi cantado em
prosa e verso por vários autores, entre eles, Camões, o bardo da literatura
portuguesa e o seu imortal “Os Lusíadas”.
No teatro,
Patrício resgata personagens e temas da História de Portugal, trabalhando os
mitos que cercaram estes personagens e que se misturam com a História propriamente
dita. É o caso da Rainha Santa, Isabel, e o episódio de Inês de Castro, que se
tornou rainha após a sua morte.
O livro “Serão
Inquieto” nos traz apenas seis contos, contos estes construídos de forma
poética, podendo-se dizer que são prosa apenas na estética. São textos que nos
falam de amor e de morte. Aliás, amor e morte confundem-se nos textos de
Patrício, um parecendo precisar do outro para existir e se manifestar. O conto
“Suze”, por exemplo, é uma comovente elegia, um hino ao amor. Um amor que vai
sendo construído junto com o próprio conto, um amor interrompido pela morte.
Aliás, no conto, tanto o amor quanto a morte, além de estarem ligados ao
destino dos dois personagens, são construções que surgem com o desenrolar da
história. Tanto o amor quanto a morte são presumidos pelo narrador em face do
desaparecimento do objeto amado. O que o move, mais do que o amor, é a saudade,
saudade do que possuía e que parece ter perdido.
A saudade permeia a obra de Patrício. Saudade do
ser amado ou do passado glorioso de Portugal. O passado é o grande personagem
dos seus textos, um tesouro ainda a ser descoberto pelo público brasileiro.
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