Notícias no Twitter:
@sebo_cultural64
O estilo de Dan Brown é conhecido em todo o mundo.
Suas histórias são um thriller que envolvem muita ação, movimentação, mistérios
e simbolismos ligados, geralmente, ao mundo da arte. Com “Inferno”, seu último
livro, publicado pela Editora Arqueiro, o autor manteve
estes elementos, além de acrescentar um outro não muito comum às suas
histórias: a reflexão.
“Inferno” tirou seu título do primeiro “livro”, “capítulo”
ou “canto” da obra-prima do italiano Dante Alighieri, “A Divina Comédia”, um
poema de viés épico, no qual o próprio autor, guiado por Virgílio e, depois,
pela sua amada, Beatriz, faz uma viagem pelo Inferno, Purgatório e Paraíso.
No livro de Dan Brown, um misterioso personagem
utiliza a “Divina Comédia” como inspiração para, aparentemente, disseminar uma
“peste” que, a exemplo da Peste Negra, que dizimou um terço da população
mundial, iria matar milhares de pessoas. As ‘pistas’ que o professor Robert
Langdon têm de decifrar estão associadas à arte. A história se passa em
Florença, na Itália, uma cidade que é praticamente um museu a céu aberto.
Porém, mais do que a história, sua ação e seus
símbolos, o que nos chama a atenção é que o autor coloca em discussão algo que
está ocorrendo atualmente, mas que ainda não recebeu a devida atenção por parte
de governos e organizações mundiais: o excesso de pessoas no planeta, levando a
uma superpopulação.
Se observarmos a nossa História, veremos que, de
tempos em tempos, alguma calamidade ocorreu, dizimando grande parte da
população e mantendo o número de pessoas em um nível suportado pelo planeta. Porém,
do início do século XX para cá, a população mundial tem aumentado em uma
progressão geométrica, superando as possibilidades do planeta de suportar um
número tão grande de pessoas. Em alguns lugares, a comida e, até mesmo, a água
começam a escassear.
Os avanços na medicina, principalmente, conseguiram
diminuir a incidência de doenças letais, as grandes pandemias, evitando a morte
de centenas ou milhares de pessoas. Além disso, a mortalidade infantil vem
diminuindo em vários países, além de haver um aumento na expectativa de vida.
Em vários países, a expectativa de vida supera a faixa dos oitenta anos.
Isso tudo vem sendo ‘festejado’ pelas pessoas como
símbolo de progresso. Porém, o que não se percebe – ou não se quer perceber, o
que, no livro, é chamado de ‘negação’ – é que essa diminuição na mortalidade
infantil, acompanhada de uma maior expectativa de vida, leva a um excessivo
aumento populacional que já vem gerando diversos problemas, e que se tornará
insustentável daqui a alguns anos.
As organizações que tratam da saúde orgulham-se
desses feitos e procuram aumentar ainda mais a expectativa de vida das pessoas,
mas não parecem fazer nada para conter o aumento descontrolado da população. No
livro, um cientista toma uma atitude drástica para tentar conter esse aumento
desenfreado.
Apesar de muita gente ver esse livro apenas como
uma ‘história’ interessante, ela nos leva a refletir sobre o nosso futuro e
como o planeta irá suportar esse excesso populacional, que vem destruindo a
natureza, esgotando os recursos naturais e levando espécies animais e vegetais
à extinção. Seria importante começarmos a pensar em algum tipo de controle de
natalidade para que, no futuro, não tenhamos milhares de pessoas passando fome
e sede, o que levará muitos países à guerra em busca de recursos naturais.
“Inferno” nos alerta para os problemas que o mundo
poderá vir a enfrentar. Se nada for feito nos próximos anos, poderemos ter um
cenário muito parecido com o que Dante vislumbrou no seu primeiro ‘canto’.
Se isso ocorrer, a passagem da humanidade pelo
“Inferno” poderá não ser tão tranquila quanto a de Dante, guiado por Virgílio.
Poderemos ficar muito tempo no Inferno, antes que consigamos alcançar o
Purgatório.