segunda-feira, 10 de junho de 2013

A seleção brasileira tem sido desrespeitada ou as outras seleções perderam o temor?

O zagueiro Thiago Silva e o técnico Felipão, em suas respectivas coletivas de imprensa, nesta semana, reclamaram da “falta de respeito” das outras seleções em relação à seleção brasileira. Thiago Silva chegou a dizer que o Brasil é o único que possui cinco títulos mundiais. Felipão seguiu, mais ou menos, essa mesma linha.
Porém, o que as outras seleções perderam não foi o respeito pelo Brasil. Em todas as seleções, os jogadores falam que querem enfrentar o Brasil e sempre citam que somos uma grande seleção, com grandes jogadores. O que aconteceu foi que as seleções perderam o temor que sentiam quando enfrentavam a seleção brasileira antigamente. Realmente, quando se enfrentava jogadores do porte de Pelé, Garrincha, Jairzinho, Gérson, Rivelino, Zico, Falcão, Sócrates etc., jogando um futebol de qualidade, era uma seleção que impunha respeito pela qualidade dos jogadores. Atualmente, porém, mesmo tendo jogadores habilidosos individualmente, a seleção brasileira não tem apresentado um jogo que empolgue nem mesmo seus torcedores. Tudo bem, vencemos a seleção francesa por 3X0. Mas não podemos esquecer que a França jogou sem alguns de seus principais jogadores, como Ribéry, e que perdeu, há alguns dias, para a seleção uruguaia que, diga-se de passagem, não vai tão bem assim nas Eliminatórias sul-americanas.
Na atual seleção não possuímos um craque que se destaque, como antigamente tínhamos. O maior craque é Neymar, mas este não tem apresentando um bom futebol, ultimamente. Logo que entrou na seleção, convocado pelo técnico Mano Menezes, Neymar chegou a ter boas atuações, mas nada espetacular, como fazia no Santos. Hoje, Neymar tem tido atuações discretas e só tem jogado pelo nome que construiu e, provavelmente, por interesses, externos ao futebol, que envolvem o seu nome.
Além disso, a poucos meses do Mundial, o Brasil ainda não tem um time definido, nem em relação a jogadores e nem a esquema tático. Felipão ainda está fazendo testes no elenco, e esta Copa das Confederações servirá para que ele possa tentar definir time e esquema que utilizará na Copa do Mundo (supondo que ele irá continuar como técnico até a Copa do Mundo).
O único setor que parece estar definido é a defesa. David Luiz, Thiago Silva e Dante parecem ter garantido seu lugar para a Copa do Mundo. Não são jogadores excepcionais, mas são os que têm apresentado um futebol um pouco melhor. Marcelo, na lateral-esquerda, e Daniel Alves, na direita, também se firmaram como nomes certos. Ambos apresentam um bom futebol ofensivo, mas demonstram muitas fragilidades defensivas. Se não tiverem uma boa cobertura dos volantes, o Brasil pode apresentar algumas complicações defensivas.
No gol, Júlio César ainda não reconquistou a confiança dos torcedores, mas está bem evidente que é o titular de Felipão. Na minha opinião, os goleiros deveriam ser Jefferson (Botafogo), Diego Cavalieri (Fluminense) e Fábio (Cruzeiro), mas Júlio César é um goleiro experiente e pode se recuperar da falha na Copa do Mundo da África do Sul.
Do meio-campo para frente, Felipão ainda está testando jogadores tentando encontrar a formação ideal. Tirando Neymar que, mesmo não jogando bem, é intocável, os outros estão brigando pelas vagas e ninguém está garantido. Entre os volantes, Felipão demonstra sua preferência pelo tipo “brucutu”, em detrimento de volantes que sabem sair jogando. Mas tem convocado Paulinho e Hernanes, o que prova que poderá armar um esquema mais ofensivo, com volantes que servirão como válvula de escape caso os meias estejam bem marcados. Nas outras posições, as brigas estão em aberto.
Ou seja, às vésperas de um torneio oficial – a Copa das Confederações –, o Brasil ainda não encontrou o time titular, enquanto as outras seleções já vêm com sua base formada há algum tempo.
O que fica bem evidente é que o Brasil está um nível abaixo de seleções como Espanha, Argentina e Alemanha, por exemplo, e não estamos muito melhores que Itália, Inglaterra e França. Sem contar as surpresas, como a Bélgica, que vem apresentando um bom futebol com uma nova safra de jogadores muito bons, e que promete surpreender.
O fato é que não temos uma seleção de grandes jogadores, individualmente falando, e que não vem apresentando um bom futebol coletivo. O Brasil deixou de meter medo em outras seleções que antes nos respeitavam mais. Isso não representa um desrespeito ao Brasil como país, mas está bem claro que ninguém mais tem medo do futebol apresentado pela seleção brasileira.
Possuímos cinco títulos mundiais, sim, mas alguém devia dizer ao Thiago Silva que quem vive de passado é museu. O que interessa, agora, não é o que fizemos no passado, mas o que estamos fazendo no presente. E, no presente, o que temos feito não mete medo em ninguém.

Nota: Ronaldo Fenômeno, dando uma de comentarista após o jogo, disse que o Brasil está pronto para enfrentar qualquer seleção do mundo.
Calma, Ronaldo! Você como comentarista é um ótimo garoto-propaganda. O Brasil ainda está longe de poder enfrentar, mano a mano, as melhores seleções do planeta, mais entrosadas, com times praticamente prontos e jogando futebol, coisa que o Brasil não tem conseguido fazer.

Vale lembrar que Ronaldo é pago pela CBF para defender os interesses da manda-chuva do futebol brasileiro, e é exatamente isso o que ele está tentando fazer com declarações como essa.               

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