O zagueiro Thiago Silva e o técnico Felipão, em
suas respectivas coletivas de imprensa, nesta semana, reclamaram da “falta de
respeito” das outras seleções em relação à seleção brasileira. Thiago Silva
chegou a dizer que o Brasil é o único que possui cinco títulos mundiais.
Felipão seguiu, mais ou menos, essa mesma linha.
Porém, o que as outras seleções perderam não foi o
respeito pelo Brasil. Em todas as seleções, os jogadores falam que querem
enfrentar o Brasil e sempre citam que somos uma grande seleção, com grandes
jogadores. O que aconteceu foi que as seleções perderam o temor que sentiam
quando enfrentavam a seleção brasileira antigamente. Realmente, quando se
enfrentava jogadores do porte de Pelé, Garrincha, Jairzinho, Gérson, Rivelino,
Zico, Falcão, Sócrates etc., jogando um futebol de qualidade, era uma seleção
que impunha respeito pela qualidade dos jogadores. Atualmente, porém, mesmo
tendo jogadores habilidosos individualmente, a seleção brasileira não tem
apresentado um jogo que empolgue nem mesmo seus torcedores. Tudo bem, vencemos
a seleção francesa por 3X0. Mas não podemos esquecer que a França jogou sem
alguns de seus principais jogadores, como Ribéry, e que perdeu, há alguns dias,
para a seleção uruguaia que, diga-se de passagem, não vai tão bem assim nas
Eliminatórias sul-americanas.
Na atual seleção não possuímos um craque que se
destaque, como antigamente tínhamos. O maior craque é Neymar, mas este não tem
apresentando um bom futebol, ultimamente. Logo que entrou na seleção, convocado
pelo técnico Mano Menezes, Neymar chegou a ter boas atuações, mas nada
espetacular, como fazia no Santos. Hoje, Neymar tem tido atuações discretas e
só tem jogado pelo nome que construiu e, provavelmente, por interesses,
externos ao futebol, que envolvem o seu nome.
Além disso, a poucos meses do Mundial, o Brasil
ainda não tem um time definido, nem em relação a jogadores e nem a esquema
tático. Felipão ainda está fazendo testes no elenco, e esta Copa das
Confederações servirá para que ele possa tentar definir time e esquema que
utilizará na Copa do Mundo (supondo que ele irá continuar como técnico até a
Copa do Mundo).
O único setor que parece estar definido é a defesa.
David Luiz, Thiago Silva e Dante parecem ter garantido seu lugar para a Copa do
Mundo. Não são jogadores excepcionais, mas são os que têm apresentado um
futebol um pouco melhor. Marcelo, na lateral-esquerda, e Daniel Alves, na
direita, também se firmaram como nomes certos. Ambos apresentam um bom futebol
ofensivo, mas demonstram muitas fragilidades defensivas. Se não tiverem uma boa
cobertura dos volantes, o Brasil pode apresentar algumas complicações
defensivas.
No gol, Júlio César ainda não reconquistou a confiança
dos torcedores, mas está bem evidente que é o titular de Felipão. Na minha
opinião, os goleiros deveriam ser Jefferson (Botafogo), Diego Cavalieri (Fluminense)
e Fábio (Cruzeiro), mas Júlio César é um goleiro experiente e pode se recuperar
da falha na Copa do Mundo da África do Sul.
Do meio-campo para frente, Felipão ainda está
testando jogadores tentando encontrar a formação ideal. Tirando Neymar que,
mesmo não jogando bem, é intocável, os outros estão brigando pelas vagas e
ninguém está garantido. Entre os volantes, Felipão demonstra sua preferência
pelo tipo “brucutu”, em detrimento de volantes que sabem sair jogando. Mas tem
convocado Paulinho e Hernanes, o que prova que poderá armar um esquema mais
ofensivo, com volantes que servirão como válvula de escape caso os meias
estejam bem marcados. Nas outras posições, as brigas estão em aberto.
Ou seja, às vésperas de um torneio oficial – a Copa
das Confederações –, o Brasil ainda não encontrou o time titular, enquanto as
outras seleções já vêm com sua base formada há algum tempo.
O que fica bem evidente é que o Brasil está um
nível abaixo de seleções como Espanha, Argentina e Alemanha, por exemplo, e não
estamos muito melhores que Itália, Inglaterra e França. Sem contar as surpresas,
como a Bélgica, que vem apresentando um bom futebol com uma nova safra de
jogadores muito bons, e que promete surpreender.
O fato é que não temos uma seleção de grandes
jogadores, individualmente falando, e que não vem apresentando um bom futebol
coletivo. O Brasil deixou de meter medo em outras seleções que antes nos
respeitavam mais. Isso não representa um desrespeito ao Brasil como país, mas está
bem claro que ninguém mais tem medo do futebol apresentado pela seleção
brasileira.
Possuímos cinco títulos mundiais, sim, mas alguém
devia dizer ao Thiago Silva que quem vive de passado é museu. O que interessa,
agora, não é o que fizemos no passado, mas o que estamos fazendo no presente. E,
no presente, o que temos feito não mete medo em ninguém.
Nota: Ronaldo Fenômeno, dando uma de comentarista
após o jogo, disse que o Brasil está pronto para enfrentar qualquer seleção do
mundo.
Calma, Ronaldo! Você como comentarista é um ótimo
garoto-propaganda. O Brasil ainda está longe de poder enfrentar, mano a mano,
as melhores seleções do planeta, mais entrosadas, com times praticamente
prontos e jogando futebol, coisa que o Brasil não tem conseguido fazer.
Vale lembrar que Ronaldo é pago pela CBF para
defender os interesses da manda-chuva do futebol brasileiro, e é exatamente
isso o que ele está tentando fazer com declarações como essa.
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