A Copa do Mundo no Brasil é uma
festa! Mas, festa pra quem? Para os que estão se locupletando com os gastos
astronômicos e não muito bem explicados com construção e/ou reformas de
estádios? Festa para os que tiveram suas propriedades, construídas durante anos
de sacrifícios, desapropriadas para “melhorar o visual” do entorno dos
estádios? Festa para a FIFA, que tornou-se “dona” das sedes da Copa das
Confederações e que vai ganhar muito dinheiro com a Copa?
Em tempos de Copa do Mundo, nem
todos estão “em festa”. Muitas pessoas estão passando por problemas trazidos
pela Copa do Mundo, em virtude de algumas exigências absurdas da FIFA. Estamos
vendo o nosso dinheiro ser mal empregado, enquanto continuamos convivendo com
sérios problemas ‘crônicos’: educação de péssimo nível (apesar das propagandas
afirmando o contrário); saúde precária; falta de segurança; transporte que, em
alguns casos, nem pode ser qualificado como tal.
As pessoas que não se deixaram
levar por todo esse “oba-oba”, conscientes dos problemas que, além de não serem
resolvidos, em alguns casos irão piorar, resolveram fazer manifestações contra
toda essa situação. Manifestações, a priori, pacíficas, embora, em alguns
casos, algumas pessoas extrapolem e iniciem atos violentos. Não seremos
ingênuos a ponto de negar isso. Para estas pessoas que exageram nas suas
reivindicações, a polícia aparece para contê-las, evitando que se inicie uma
batalha campal ou atos de vandalismo. Entretanto, o que temos observado é que a
polícia, em muitos casos, é exatamente QUEM inicia o conflito.
A função da polícia, em tempos de
“democracia”, não é a de coibir manifestações pacíficas – isto é prerrogativa
de regimes autoritários –, e sim de manter estas manifestações dentro de certos
limites, evitando vandalismo e violência, resguardando propriedades privadas
que, em alguns casos, são depredadas e saqueadas. Caso não se verifique nenhum
ato violento, a função da polícia é apenas a de acompanhar a manifestação sem
interferir. Entretanto, na nossa “democracia tupiniquim”, a polícia já chega
“baixando o cacete”, atacando pessoas que estão apenas exigindo seus direitos.
A própria polícia é composta de pessoas que passam pelos mesmos problemas, mas
acabam defendendo pessoas e instituições que as oprimem, tudo em troca de um
salário minguado que, geralmente, mal lhes garante o sustento. É o oprimido
defendendo o opressor. É o escravo lutando a favor da escravidão.
E, ainda por cima, quando foi
questionado sobre a atitude da polícia na repressão às manifestações, nosso
Ministro Aldo Rebelo disse não ter nada a declarar. A nossa presidente também
não fala sobre o assunto. Será que é preciso que morra alguém para que nossas
“autoridades” tenham algo a declarar? Será que estas mesmas autoridades não têm
poder para impedir essa barbaridade que está sendo cometida contra nossa
população? Por que a presidente Dilma aparece na abertura da Copa das
Confederações, mas não vai dialogar com os manifestantes? Onde anda o
ex-presidente Lula, que criticava essa mesma atitude da polícia quando era
ordenada por outros presidentes, de partidos rivais? Por que ele se cala agora?
Quando a polícia sufocava manifestações dos trabalhadores antes de Lula ser
presidente, era repressão dos direitos democráticos; agora essa atitude virou “manutenção
da ordem contra desordeiros“ que querem apenas desestabilizar o governo. “Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades”, já dizia Luís de Camões.
Um absurdo que se vê em tempos de
Copa: em Minas Gerais, um juiz proibiu quaisquer manifestações em cidades
mineiras em dias de jogos da Copa das Confederações – esquecendo-se que, em uma
democracia, manifestações são um direito do cidadão. Nas cidades-sede, nos dias
de jogos é declarado feriado para que o trânsito não fique congestionado e
atrapalhe a ida ao estádio. Será este o tão propalado legado de mobilização
urbana que veremos após a Copa? Se for, sempre que tiver um evento importante,
é só declarar feriado na cidade.
Por que ninguém pensou nisso
antes?
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