segunda-feira, 17 de junho de 2013

Lamentável a atuação da polícia nos protestos. Ministro diz que não tem nada a declarar

A Copa do Mundo no Brasil é uma festa! Mas, festa pra quem? Para os que estão se locupletando com os gastos astronômicos e não muito bem explicados com construção e/ou reformas de estádios? Festa para os que tiveram suas propriedades, construídas durante anos de sacrifícios, desapropriadas para “melhorar o visual” do entorno dos estádios? Festa para a FIFA, que tornou-se “dona” das sedes da Copa das Confederações e que vai ganhar muito dinheiro com a Copa?
Em tempos de Copa do Mundo, nem todos estão “em festa”. Muitas pessoas estão passando por problemas trazidos pela Copa do Mundo, em virtude de algumas exigências absurdas da FIFA. Estamos vendo o nosso dinheiro ser mal empregado, enquanto continuamos convivendo com sérios problemas ‘crônicos’: educação de péssimo nível (apesar das propagandas afirmando o contrário); saúde precária; falta de segurança; transporte que, em alguns casos, nem pode ser qualificado como tal.
As pessoas que não se deixaram levar por todo esse “oba-oba”, conscientes dos problemas que, além de não serem resolvidos, em alguns casos irão piorar, resolveram fazer manifestações contra toda essa situação. Manifestações, a priori, pacíficas, embora, em alguns casos, algumas pessoas extrapolem e iniciem atos violentos. Não seremos ingênuos a ponto de negar isso. Para estas pessoas que exageram nas suas reivindicações, a polícia aparece para contê-las, evitando que se inicie uma batalha campal ou atos de vandalismo. Entretanto, o que temos observado é que a polícia, em muitos casos, é exatamente QUEM inicia o conflito.
A função da polícia, em tempos de “democracia”, não é a de coibir manifestações pacíficas – isto é prerrogativa de regimes autoritários –, e sim de manter estas manifestações dentro de certos limites, evitando vandalismo e violência, resguardando propriedades privadas que, em alguns casos, são depredadas e saqueadas. Caso não se verifique nenhum ato violento, a função da polícia é apenas a de acompanhar a manifestação sem interferir. Entretanto, na nossa “democracia tupiniquim”, a polícia já chega “baixando o cacete”, atacando pessoas que estão apenas exigindo seus direitos. A própria polícia é composta de pessoas que passam pelos mesmos problemas, mas acabam defendendo pessoas e instituições que as oprimem, tudo em troca de um salário minguado que, geralmente, mal lhes garante o sustento. É o oprimido defendendo o opressor. É o escravo lutando a favor da escravidão.
E, ainda por cima, quando foi questionado sobre a atitude da polícia na repressão às manifestações, nosso Ministro Aldo Rebelo disse não ter nada a declarar. A nossa presidente também não fala sobre o assunto. Será que é preciso que morra alguém para que nossas “autoridades” tenham algo a declarar? Será que estas mesmas autoridades não têm poder para impedir essa barbaridade que está sendo cometida contra nossa população? Por que a presidente Dilma aparece na abertura da Copa das Confederações, mas não vai dialogar com os manifestantes? Onde anda o ex-presidente Lula, que criticava essa mesma atitude da polícia quando era ordenada por outros presidentes, de partidos rivais? Por que ele se cala agora? Quando a polícia sufocava manifestações dos trabalhadores antes de Lula ser presidente, era repressão dos direitos democráticos; agora essa atitude virou “manutenção da ordem contra desordeiros“ que querem apenas desestabilizar o governo. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, já dizia Luís de Camões.
Um absurdo que se vê em tempos de Copa: em Minas Gerais, um juiz proibiu quaisquer manifestações em cidades mineiras em dias de jogos da Copa das Confederações – esquecendo-se que, em uma democracia, manifestações são um direito do cidadão. Nas cidades-sede, nos dias de jogos é declarado feriado para que o trânsito não fique congestionado e atrapalhe a ida ao estádio. Será este o tão propalado legado de mobilização urbana que veremos após a Copa? Se for, sempre que tiver um evento importante, é só declarar feriado na cidade.

Por que ninguém pensou nisso antes? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário