terça-feira, 18 de junho de 2013

Polícia é truculenta, mas manifestantes nem sempre são “pacíficos”

A onda de protestos que têm ocorrido em várias cidades do Brasil, cujos manifestantes protestam contra aumentos de passagens nos transportes e sobre os gastos faraônicos que vêm ocorrendo por conta da Copa de 2014, é legítima. Se a Copa no Brasil irá deixar um legado, talvez seja o de ter servido para “acordar” o povo para os desmandos e excesso de corrupção que vêm ocorrendo no Brasil há muito tempo, mas que agora parece ter atingido um nível tão alto que o povo resolveu dar um basta. Sou a favor dos protestos pacíficos, e até postei um texto contra a truculência da polícia em algumas manifestações.
Porém, não podemos ficar apenas aplaudindo os manifestantes sem refletir sobre a situação que vem ocorrendo. Várias situações se apresentam, e nem sempre as pessoas conseguem perceber todas elas. E, em alguns casos, os manifestantes passam a ser marionetes de interesses que não conseguem perceber.
Uma das coisas que não podemos deixar de perceber é o caráter político destas manifestações “espontâneas” e “populares”. O grande número de bandeiras de partidos políticos é um indicativo de que, se não foram organizadas pelos partidos, estes, pelo menos, querem se aproveitar das manifestações para “aparecer”. As manifestações são o palco perfeito para que alguns partidos lancem as bases de suas futuras campanhas políticas. A violência policial, com certeza, será explorada à exaustão nas campanhas das próximas eleições.
Outro fato que salta aos olhos é o despreparo da nossa polícia para lidar com multidões. Protegidos por roupas especiais e utilizando armas, nossos policiais agem como verdadeiros “rambos”, ‘baixando o cacete’ em qualquer um que apareça na sua frente. Os policiais são treinados apenas para bater, não possuindo a mínima técnica para dispersar multidões sem que seja preciso ferir alguém. E são esses mesmos policiais que irão defender os turistas que virão para o Brasil, aos milhares, durante a Copa do Mundo.
Também não podemos deixar de falar sobre o comportamento dos nossos manifestantes. Reitero, aqui, que considero toda manifestação pacífica como sendo legítima. A população tem o direito de opinar e, já que não sabemos fazer isso nas urnas, tentamos fazer nas manifestações. Porém, é inegável que muitos dos manifestantes, sejam por quais motivos forem – defesa de interesses políticos e particulares ou simplesmente por puro vandalismo –, estão lá apenas para causar confusão. Várias manifestações que começaram pacificamente acabaram em violência. E, em muitos destes casos, a confusão começa por parte dos “manifestantes”, que tentam destruir o patrimônio público, invadir propriedades privadas ou prédios públicos, tentam iniciar saques ou começam a agredir pessoas e/ou policiais. E, quando a polícia lança gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral, os vândalos começam a posar de vítimas.
Estas manifestações, como tudo na vida, apresentam dois lados. Se temos, por um lado, um povo que começa a despertar para cobrar seus direitos e não mais aceitar o péssimo emprego do seu dinheiro e a corrupção que grassa no nosso país, temos, por outro, pessoas que querem apenas se aproveitar da situação para defender interesses particulares ou, simplesmente, querem apenas provocar violência impunemente.

Estas manifestações são legítimas, mas temos que tomar cuidado para que os protestos não descambem para a violência pura e simples e acabem perdendo o seu caráter reivindicatório. O povo tem que acordar – e não pode voltar a dormir –, mas não precisamos gerar mais violência do que já temos. E, também, esperamos que essa consciência que despertou não arrefeça, caso a seleção brasileira seja campeã da Copa das Confederações e/ou da Copa do Mundo.  

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