O presidente da FIFA, Joseph Blatter, elogiou,
ontem, a organização da Copa das Confederações, mas admitiu “espanto” com as
manifestações que ocorreram durante o evento.
A verdade é que o presidente da FIFA não está
acostumado a ver as ‘falcatruas’ da poderosa e milionária entidade serem
criticadas, principalmente durante importantes eventos patrocinados por ela. As
denúncias sobre supostos acordos ilícitos com empresas que patrocinam seus
eventos, desvio de dinheiro para contas particulares e, até mesmo, casos de
possíveis fraudes em jogos sempre acabaram arquivadas e os responsáveis nunca
foram punidos.
Um dos casos mais graves seria o ocorrido durante a
Copa do Mundo de 1978, na Argentina, quando o país estava sob regime militar.
Para diminuir o descontentamento da população, o regime militar argentino, sob
as bênçãos do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange (por sinal,
sogro de Ricardo Teixeira, ex-mandatário da CBF), realizou o Mundial, mesmo
passando por uma crise econômica. E, para deleite dos militares no Poder, a
seleção Argentina sagrou-se campeã do torneio graças a uma goleada de 6X0 sobre
a seleção do Peru, ultrapassando o Brasil no saldo de gols e indo à final (o
Brasil, um dia antes, vencera a Polônia por 3X1, e acabou disputando o terceiro
lugar).
Esse Blatter é o mesmo que, no início das
manifestações, disse que, caso a seleção brasileira fosse campeã da Copa das
Confederações, o povo esqueceria os protestos. Essa é a FIFA, que usa uma
paixão do povo, o futebol, para fazer seus negócios escusos sem ser
questionada. Para Karl Marx, a religião era o “ópio do povo”. Para Blatter, é o
futebol.
Só podemos esperar que esse vaticínio nefasto do
presidente da FIFA não se concretize e o povo não volte ao seu estado de letargia
e indiferença diante da corrupção dos governos, superfaturamento de estádios e
promessa de obras de uma mobilidade urbana que ninguém vê. E que esse
“despertar” do povo brasileiro – que já conseguiu expulsar do Poder um
presidente corrupto, caso de Fernando Collor de Mello, que teve o impeachment
decretado após protestos dos ‘caras-pintadas’ – se manifeste nas próximas
eleições, não reelegendo essa mesma ‘corja’ que aí está, mesmo que o Brasil
seja campeão da Copa do Mundo em 2014!
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