A onda de
protestos que se dizem “pacíficos” têm, normalmente, acabado em violência e
vandalismo por todo o Brasil. Com raríssimas exceções, os manifestantes acabam
entrando em confronto com a polícia, deixando feridos de ambos os lados e
vários patrimônios particulares e públicos depredados. Muitas pessoas têm
criticado atitude da polícia – que é truculenta, sim –, mas esquecem-se de que,
em vários casos, a violência tem começado por parte dos manifestantes.
Durante os
protestos, as pessoas aproveitam-se para liberar todas as suas frustrações,
raivas, rancores, invejas. Quem não tem carro, depreda o carro de alguém (que,
talvez, até esteja participando do protesto); quem mora em um barraco, joga
pedra e incendeia uma casa melhor que a dele; quem tem pouca comida,
aproveita-se para roubar supermercados. E camuflam esse vandalismo sob a capa
da “indignação”.
Nesse
período, muitos mitos e muita demagogia tem sido veiculada por parte de pessoas
da imprensa: por exemplo, a de que o povo brasileiro é pacífico, é trabalhador,
é honesto.
Vamos por
partes: se o brasileiro fosse pacífico, não terminaria os protestos provocando
violência, agredindo pessoas e nem depredando o patrimônio alheio. Levaria seus
cartazes, gritaria palavras de ordem, até mesmo xingaria os políticos que
roubam a população. Mas não incendiariam carros nem destruiriam prédios
públicos e particulares.
Segundo
ponto: se o brasileiro fosse trabalhador, estaria nas ruas reclamando da falta
de emprego e exigindo que os governantes criassem mais postos de trabalhos,
como Lula prometeu que faria, e não fez; estaria cobrando um salário mínimo
decente; não viveria postando, nas redes sociais, reclamações de que o dia
seguinte já é segunda-feira; médicos não faltariam aos seus plantões;
professores não faltariam tanto e nem chegariam tão atrasados para as aulas; menos
pessoas escolheriam o caminho “mais fácil” do tráfico de drogas e da
prostituição. Ninguém vai às ruas exigir que se criem mais postos de trabalho,
mas correm às ruas quando ouvem dizer que o governo vai suspender o
bolsa-família.
Terceiro
ponto: se o povo brasileiro fosse honesto, não haveria tanta corrupção no país.
Sempre se põe a culpa nos políticos e nos empresários, culpando os “ricos” de
serem gananciosos e desonestos. Muitos deles são. Mas não são apenas os ricos
que fazem corrupção. Pessoas pobres vendem seu voto em troca de uma dentadura,
uma consulta médica ou um milheiro de tijolo para construir um “quartinho”;
pessoas pobres compram objetos que sabem que são roubados, mas compram assim
mesmo porque vai pagar menos do que se comprar na loja; pessoas pobres fazem
“gato” na água, luz e tv a cabo, e ainda se gabam disso; pessoas pobres dão e
aceitam propina se acharem que isso vai lhes trazer algum benefício.
O brasileiro
fura a fila do banco, leva atestado médico falso para justificar faltas no
trabalho, suja as ruas e reclama quando chove e os bueiros estão entupidos,
consome produtos dentro do supermercado e depois joga em algum canto e sai sem
pagar. O povo reclama da violência, mas arranja brigas que poderiam facilmente
ser evitadas.
Na tv,
demagogos aparecem dizendo que uma minoria provocou a violência. Se, realmente,
é uma “minoria”, por que a maioria não os impede de iniciar o confronto? Se é
uma minoria, por que vemos, pela tv, tantas pessoas enfrentando a polícia ou
quebrando e incendiando objetos nas ruas? Pode até ser verdade que uma
“minoria” procure iniciar o quebra-quebra, mas é inegável que a “maioria” adere
à violência incitada pela “minoria”.
O povo tem
que protestar, sim. Devíamos ter começado a protestar quando o Brasil se
candidatou para ser sede da Copa do Mundo. Todo mundo sabia que a Copa do Mundo
serviria de pretexto para aumentarem a roubalheira que já grassava pelo país.
Porém, ao invés de protestar, o povo sai às ruas para comemorar quando saiu o
anúncio oficial de que o Brasil seria sede do torneio. Saímos às ruas para
comemorar quando divulgaram as cidades-sede (menos o povo das cidades que não
foram escolhidas).
Agora
devemos protestar contra as desonestidades que presenciamos todos os dias.
Devemos levar nosso protesto até as urnas e não voltar nessa corja que aí está.
Mas devemos fazer isso com civilidade, e não com vandalismo.
O povo brasileiro
poderá dar um grande passo para frente com esses protestos. Ou um grande passo
para trás. A decisão cabe apenas a nós.
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